Samuel Úria: «Fazer música com amigos é um prazer redobrado» - TVI

Samuel Úria: «Fazer música com amigos é um prazer redobrado»

«O Grande Medo do Pequeno Mundo» é o novo álbum do cantautor e conta com as participações de Manel Cruz, António Zambujo, Márcia e Miguel Araújo

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«Forasteiro» foi o primeiro cartão de visita. Lançado ainda em 2012, o vídeo começou a levantar a ponta ao véu sobre o novo disco de Samuel Úria. O álbum está agora nas lojas e dá pelo nome de «O Grande Medo do Pequeno Mundo».

«Este disco fala sobre as dificuldades que as pessoas têm em lidar com coisas que são maiores do que elas. Os medos têm de ser maiores do que nós, porque nos dominam, de certa maneira», contou Samuel Úria em entrevista ao tvi24.pt.

«E nessa ausência de soluções, sinto que o mundo se torna num espaço mais claustrofóbico e mais pequeno porque há esses medos que nos dominam e se agigantam sobre nós», explicou acerca do título e temática do novo disco.

Na hora de reunir novas canções, Samuel pegou em todas as ideias que não se esgotavam nas conversas do dia a dia e transportou-as para o disco. E aí surgiram novos desafios.

«Quando abrimos a torneira das canções, dessas coisas que é urgente dizer - por muito trabalhadas que elas sejam, por muito que haja ali um processo de régua e esquadro para definir o que entra e o que sai -, às vezes, o que é mais complicado é dizer que este trabalho está pronto e que a canção pode ficar por aqui, que pode viver só disto que está dito nestes quatro, cinco, seis minutos», recordou o músico.

«O Grande Medo do Pequeno Mundo» é também um disco que vive de várias colaborações musicais. Para além dos músicos da família FlorCaveira, que habitualmente o acompanham em palco, Samuel Úria convidou ainda amigos como António Zambujo, Manel Cruz (Ornatos Violeta), Miguel Araújo (Os Azeitonas), e Márcia, cantautora que aparece no vídeo do single «Eu Seguro».

«É tudo criado numa base de amizade. Quando nós sentimos que as pessoas até estão disponíveis, e como são amigas, não há nada como perguntar: "Não queres aparecer no meu disco e gravar qualquer coisa?".»

Depois, foi apenas «uma questão de começar a cobrar esses convites e essa disponibilidade que tinha surgido». «Não só foi fácil, como depois o processo deu muito prazer, e fico contente com o resultado, de soar a um disco de amigos», afirmou com orgulho.

O disco está a ter uma boa prestação nos tops de vendas e chegou a liderar a tabela do iTunes em Portugal. Samuel confessou alguma surpresa pela façanha alcançada, mas diz que não está iludido, dada a situação atual da indústria musical.

«As coisas estão a acontecer assim porque a indústria tem agora uma exposição e uma significância muito mais pequena em termos de vendas. De qualquer forma, é uma surpresa», disse.

Já com dez anos de discos, e uma mão cheia de concertos que guarda especialmente na memória, o músico de Tondela confessa que continua a sentir-se «bafejado pela sorte» e recebe de braços abertos os elogios de novos amigos com quem gostaria de colaborar.

«A coisa que me entusiasma e que mais me espanta é aperceber-me que, entre "os meus pares", tenho gente completamente consagrada que fala bem da minha música», referindo como exemplos os elogios da fadista Ana Moura, e de Pedro da Silva Martins, dos Deolinda.

«Agora tenho muito mais facilidade em poder abeirar-me dessas pessoas e dizer: "Como é que é? Estão aí a falar bem, não querem participar [numa canção]?". Mas nem é uma questão de querer alargar o meu horizonte em termos de público ou em termos musicais. É mesmo pela noção antiga de comunidade, que sempre existiu na FlorCaveira, de arranjar amigos para fazer músicas com amigos», explicou.

«Fazer música é um prazer, mas fazer música com amigos é um prazer redobrado.»
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