Tozé Martinho: recorde a entrevista do falecido ator ao Maisfutebol - TVI

Tozé Martinho: recorde a entrevista do falecido ator ao Maisfutebol

Tozé Martinho

A propósito dos 25 anos da participação do Belenenses na telenovela «Palavras Cruzadas»

Relacionados

[artigo originalmente publicado no dia 5 de setembro de 2011]

O ator e argumentista Tozé Martinho morreu este domingo aos 72 anos. Recorde a sua participação numa reportagem do Maisfutebol.

Há 25 anos as filmagens de «Palavras Cruzadas» dão um ar hollywoodesco aos treinos dos azuis. O Maisfutebol recorda um episódio «praticamente irrepetível».

Anos 80 em Portugal. A televisão limitada a dois canais públicos, Agora Escolha a abrir as tardes, cadernetas de cromos guedelhudos, Dartacão para a pequenada. A ficção delicada e ingénua de MacGyver, o humor a afrontar a história no Cafe Rene do Allô Allô.

A era kitsch autoriza excentricidades impensáveis. O exagero está omnipresente. No penteado de Jon Bon Jovi, no decote de Samantha Fox, mesmo no sucesso improvável dos Onda Choc ou nas baladas lamurientas dos Roxette. É era anarca, ideal para mentes revolucionárias, inovadoras. Um blazer imaculadamente branco pode ser fashion, uma popa no cabelo cai sempre bem.

No mundo do futebol chega-se ao impensável. 1986 é o ano louco no Estádio do Restelo. Há precisamente 25 anos, as câmaras de televisão tomam de assalto os treinos do Belenenses para gravar cenas de uma telenovela!

Isso mesmo. A personagem Rui Salgado, protagonista de Palavras Cruzadas, é supostamente um ponta-de-lança em ascensão no emblema da Cruz de Cristo. Tudo a fingir e a invadir o dia-a-dia de um plantel profissional de futebol.

E se fosse agora?

Entrevista a Tozé Martinho: «Tínhamos de fazer tudo à pressa»

O Verão azul no imaginário de Tozé Martinho. Figura marcante no pequeno ecrã e filho de um devoto belenense, o produtor idealiza o cenário: fazer do actor Gonçalo Ferreira um elemento mais no plantel do belga Henri Depireux. Uma insinuação atrevida. E quase comprometida pela falta de talento do avançado-faz de conta.

«Assisti às gravações e a imagem mais forte era esta: sentia-se claramente que o Gonçalo não era jogador», recorda Tozé Martinho, sorridente, ao Maisfutebol.

«Tentei disfarçar ao máximo as evidências, mas até no físico havia diferenças brutais entre ele e os verdadeiros jogadores. Hoje teria outros cuidados, tanto no casting como na produção.»

António Martinho, pai de Tozé, foi médico dos azuis. «A homenagem que lhe prestei deu origem à personagem. Tínhamos de fazer tudo à pressa, depois do treino verdadeiro. Os jogadores olhavam para as câmaras como se fossem o maior dos mistérios. Estávamos longe da era tecnológica.»

O Belenenses, aparentemente, não se ressente. Acaba a temporada no sexto lugar e entra todas as noites, por volta das 21 horas, pelas casas dos portugueses adentro. «Estamos a falar do clube de Matateu e Vicente. Uma instituição enorme e que nos permitiu alterar a sua normalidade. Não é um projecto irrepetível, mas quase.»

 

Continue a ler esta notícia

Relacionados

EM DESTAQUE