O Comité de Emergência da Organização Mundial da Saúde (OMS) anunciou esta terça-feira que a epidemia de ébola na República Democrática do Congo (RDCongo) continua a ser uma emergência de saúde pública internacional.
Um comunicado do diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus, afirmou que foi aceite a recomendação do Comité de Emergência em manter esta designação para aquela que é a segunda maior ocorrência de sempre da doença.
Tem sido feito um progresso tremendo para a contenção deste surto em circunstâncias muito difíceis. Até sexta-feira, passaram-se 54 dias sem novos casos confirmados e 40 dias desde que o último paciente conhecido com Ébola teve alta”, diz o diretor-geral da OMS.
Desde sexta-feira foram registados três novos casos de ébola na RDCongo, tendo morrido dois dos infetados.
No domingo assinalar-se-iam os 42 dias necessários – o equivalente a dois ciclos de incubação da doença – para que as autoridades de saúde declarassem como concluída a epidemia de Ébola declarada em agosto de 2018 pelas autoridades congolesas.
A fonte da sua infeção ainda está sob investigação. É provável que novos casos sejam identificados”, acrescentou o responsável da agência das Nações Unidas.
Segundo o diretor-geral da OMS, as autoridades preveem a formação de focos de Ébola, algo com que as equipas no terreno já estão familiarizadas.
As nossas equipas em Beni têm experiência na resposta a novos casos e agiram rapidamente para interagir com as comunidades afetadas, investigar alertas, identificar e vacinar contactos, descontaminar casas e instalações e enviar amostras para sequenciação”, referiu Tedros Adhanom Ghebreyesus.
O diretor-geral da OMS apontou ainda que os grupos armados continuam presentes na área onde os casos foram registados e que a falta de fundos “está a limitar a resposta”.
Além disso, a pandemia de covid-19, provocada pelo novo coronavírus, está “a acrescentar desafios a uma operação já complexa”.
Temos de nos antecipar e estar preparados para pequenos surtos. Precisamos de toda a força de todos os parceiros para controlar estes surtos e satisfazer as necessidades das pessoas afetadas”, concluiu o responsável da OMS.
Segundo a Organização Mundial de Saúde, 2.276 pessoas morreram devido ao ébola, entre 3.456 casos confirmados e prováveis, desde agosto de 2018.
O atual surto ocorreu em condições especialmente difíceis, entre ataques mortais dos rebeldes, suspeitas da comunidade e algumas das infraestruturas mais fracas do mundo em áreas remotas.
Esta epidemia é a segunda mais mortífera de ébola de que há registo, sendo apenas ultrapassada pela que atingiu a África Ocidental entre 2014 e 2016 e que matou mais de 11.300 pessoas.
O ébola transmite-se pelo contacto com fluidos corporais infetados e a rapidez do tratamento é determinante para as possibilidades de sobrevivência, sendo que a sua taxa de mortalidade alcança os 90%, caso não seja tratado a tempo.