"Decisão instrutória não muda a minha opinião política sobre Sócrates". A análise de Paulo Portas - TVI

"Decisão instrutória não muda a minha opinião política sobre Sócrates". A análise de Paulo Portas

Comentador da TVI assinala que processo ainda "vai no adro"

Foi o 'tema quente' da semana e não podia deixar de ser analisado por Paulo Portas na TVI. A decisão instrutória relativa ao processo Operação Marquês não deixou ninguém indiferente e, por isso mesmo, o comentador disse que entende que sejam levantadas algumas questões. Ao mesmo tempo, enalteceu que a sua opinião em relação ao ex-primeiro-ministro não mudou.

"Esta decisão instrutória não muda a minha opinião política sobre José Sócrates, quanto muito aumenta as nossas perplexidades na forma como cada um encara o nosso sistema judicial", considerou Paulo Portas no seu espaço habitual de domingo à noite, no Jornal das 8 da TVI.

Recuando até 2011 - ano em que Portugal foi obrigado a pedir um resgate externo - Paulo Portas não poupou críticas à então governação de Sócrates. "Eu penso que ele foi um primeiro-ministro que irresponsavelmente nos conduziu à insolvência. Chamou a troika, negociou com a troika aquele memorando, colocou-nos sem acesso a financiamento e, a meu ver, numa nação com quase nove séculos, numa situação de protetorado provisório."

A convicção que existe hoje em dia na sociedade portuguesa de que um antigo primeiro-ministro vivia regularmente de doações, de pagamentos ou de empréstimos que visavam, segundo o próprio juiz o mercadejar a personalidade...eu nunca conheci ninguém que vivesse assim, de financiamentos, doações ou empréstimos de uma pessoa próxima e, portanto, o meu juízo, ou o de uma parte da sociedade portuguesa sobre essa forma de vida também está feito. Outra coisa é a de que o sistema judicial português seja capaz de qualificar esse comportamento como crime e, se o for, que seja capaz de o provar", continuou.

Sobre a fase em que o processo se encontra, Paulo Portas referiu que ainda "vai no adro".

Eu não olho para os processos judiciais como o futebol, em que cada um veste a sua camisola, e deseja um resultado, eu acho que não se deve incentivar esse comportamento e, portanto quais são as perplexidades que me ficam desta etapa do processo: faz sentido uma instrução demorara dois anos? Faz sentido o Tribunal Central de Instrução Criminal ter apenas dois juízes? Faz sentido nos termos certeza de que se por acaso o agortmo ou sorteio fosse a oposta, a deisão seria a oposta?", apontou, dando alguns exemplos.

 

Ainda vamos no adro porque há com certeza outros momento (...) Celebrar em tom de vitória uma decisão instrutória que em todo o caso pronuncia um ex-primeiro-ministro por crimes de branqueamento de capitais, que estão associados a outros de corrupção, que entretanto prescrevem.. Não vejo que uma pessoa se possa considerar muito vitoriosa nessas circunstâncias", concluiu.

CASO 'SOFAGATE'

Na opinião de Sócrates, a imagem em que aparece a presidente da Comissão Europeia sentada num sofá num encontro com Charles Michel e Erdogan em Ankara "não podia ter acontecido".

"Esta imagem representa evidentemente uma humilhação da presidente da Comissão Europeia e, ao contrário do que muita gente pensa, o protocolo representa formas e as formas representam política", afirmou o comentador.

Portas considerou ainda que esta viagem não devia ter acontecido, pelo menos nesta altura.

Ela acontece após Erdogan ter incentivado a prisão de vários oficiais da marinha turca na reserva uns dias antes e depois de Erdogan ter retirado a Turquia da convecção da Luta Contra a Violência Domestica."

No entanto, para o comentador da TVI, Erdogan não é o único responsável.

Além da misoginia que Erdogan permite que seja colada à sua imagem, há um outro responsável por esta imagem e que se chama Charles Michel, por uma questão de educação, o que ele devia ter feito instintivamente era dizer ‘aqui senta-se a minha convidada e colega da Comissão Europeia, eu dou-lhe esta cadeira e se não se importam vão buscar outra para mim'."

 

O presidente do Conselho Europeu considera mais importante fazer pequenos gestos mesquinhos nesse sentido do que defender o interesse comum em Ankara. É preciso parar para pensar como é que estas viagens são organizadas", concluiu.

 

 

 

 

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