«4x4x3»: a rapidez de Pizzi entre extremos - TVI

«4x4x3»: a rapidez de Pizzi entre extremos

4x4x3

O jogo com o Feirense como ponto de partida para o debate sobre o papel do camisola 21 do Benfica

«4x4x3» é um espaço de análise técnico-tática do jornalista Nuno Travassos. Siga-o no Twitter.         

A ausência do lesionado André Horta levou Rui Vitória a recrutar Pizzi para a posição 8, uma vez mais, mas as dificuldades que o Benfica sentiu frente ao Feirense, sobretudo na primeira parte, reforçaram a sensação de que Pizzi é mais influente como falso ala.

Em causa não está propriamente o rendimento de Pizzi no corredor central, raras vezes insatisfatório, até porque um jogador com as suas características merece estar no centro das operações. Talvez a questão não esteja no lugar onde Pizzi rende mais, mas na posição em que a equipa mais precisa dele. Talvez. Ou então a resposta está a meio caminho.

É que Pizzi é o jogador do Benfica com melhor capacidade no passe, e por isso encaixa facilmente na posição 8. A pedir a bola junto aos centrais, a assumir o comando do jogo, a marcar o ritmo, a definir o caminho para a área contrária. Mas assim a jogar de frente para o bloco defensivo do adversário, e não lá dentro.

E este Benfica precisa de Pizzi «escondido» mais à frente. Sobretudo nesta altura em que não tem Jonas, o melhor jogador da equipa a explorar o espaço entre linhas, a decidir em pouco tempo e com pouco espaço. E com Guedes, o substituto, mais talhado para cair nas alas ou para procurar movimentos de rutura na linha defensiva contrária.

Com a largura assegurada por Semedo e Grimaldo, opções sólidas na construção de jogo, o Benfica está habituado a ter os extremos a criar linhas de passe em zonas interiores. Mas essa é uma missão em que Salvio não se sente confortável, como flanqueador puro que é, e que este Carrillo em “reanimação” não tem conseguido desempenhar. Cervi sabe fazê-lo, mas está ainda a adaptar-se a outros desafios do futebol europeu. Zivkovic está agora a voltar e Rafa, o mais sintonizado com este papel (que Paulo Fonseca lhe pedia em Braga) lesionou-se ao primeiro jogo.

É provável que em breve Rui Vitória consiga ter alguns destes extremos a cumprir a tarefa, mas nunca será fácil deixar cair Pizzi. É que o camisola 21 pode não ter a velocidade destes colegas, ou mesmo a capacidade de drible, mas só Jonas (e agora Grimaldo) estão em patamar idêntico quando se fala de rapidez de raciocínio. Estar um passo à frente do adversário, por mais curta que seja a margem para execução.

E para a realidade do Benfica parece difícil prescindir de um jogador como Pizzi. E se não for como falso ala talvez seja mesmo como «8», mas com a possibilidade de aparecer onde é mais forte: dentro da muralha contrária. 

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