A dra. Andrea e o polícia que se subornou a ele próprio - TVI

A dra. Andrea e o polícia que se subornou a ele próprio

    Henrique Machado
    Jornalista
  • Henrique Machado
  • 10 mai 2021, 09:22
Andrea Marques

Artigo de opinião do editor de Justiça da TVI, Henrique Machado

A procuradora Andrea Marques, de quem o Estado espera empenho e foco no combate à verdadeira corrupção, montou no DIAP de Lisboa um inquérito de três anos, pago por nós, com um alvo: um coordenador da PJ, por acaso com uma carreira de sucesso no combate à dita corrupção. E sonhou apanhá-lo em duas frentes. Nas duas, o Estado sai enxovalhado. É obra. 

Quis demonstrar que o senhor era corrupto, abrindo-lhe as contas bancárias, e terá esfregado as mãos ao tropeçar nuns depósitos em numerário. "Cá está! Passa notícias a jornalistas, que lhe retribuem com umas notas ao balcão do banco". O faro da astuta magistrada não lhe deu para perceber que os ditos depósitos em conta correspondiam a levantamentos, na mesma medida, de outra conta do mesmo titular. Ou seja, subornou-se a ele próprio. O malandro.

Depois, as notícias. Se não recebeu dinheiro, fê-lo por gosto. Zelosa do segredo de justiça, Andrea Marques apreendeu o telemóvel do dito coordenador da PJ, que é suposto ter no aparelho informações sensíveis sobre processos em curso, e entregou-o a quem, para ser devassado? A uma empresa privada. Naturalmente. 

Chegaram as respostas, transcrições de umas quantas trocas de mensagens com jornalistas, e quantas violações do segredo de justiça lá estavam? Zero. Eu, que talvez saiba o que digo, pergunto à senhora procuradora: se aprendermos os telemóveis a alguns dos seus colegas e superiores, serão tão inócuas as mensagens com jornalistas que vamos encontrar? Desconfio que a resposta não lhe interesse – a fazer fé nas consequências que retirou das declarações que lhe prestei em interrogatório.

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