A frase pode parecer banal: já fui muito feliz em Paris. É rigorosamente verdade. Conheço a cidade como as palmas das minhas mãos.
Profissionalmente, que me lembre, estive muitas vezes em Paris na cobertura de eleições presidenciais, desde logo a eleição de François Mitterrand em 1981, mas também na de Jacques Chirac contra Jean Marie Le Pen.
Pessoalmente, as memórias são profundas. Transmiti o amor por Paris, contagiando pela história, pelos museus, pelas igrejas e catedrais, pelo dar mundo que é um dos mais fortes skill para os jovens no acesso ao mercado de trabalho.
Sinto que em Paris estou na minha casa. É uma sensação gostosa de que tudo nos é familiar:
Os pintores de Montmartre. O muro do amor. O café de La Paix. O La Flore em Saint Germain onde as elites intelectuais debatiam diariamente o "devir" do mundo, à luz do pós guerra, dos totalitarismos, das novas expressões literárias e artísticas. No La Flore, Jean Paul Sartre e Simone de Beauvoir protagonizavam longas tertúlias e conflituavam nos seus encontros e desencontros amorosos.
Em Paris, vivem-se os labirintos da paixão.
E depois há o chá do fim da tarde (para quem não pode pagar uma noite que seja) no Plaza Athené onde Christian Dior viveu muitos anos; os jantares no hotel Costes; a exclusiva "Colette" ; a noite noite boémia do Quartier Latin até chegarmos ao L' Avenue.
A dimensão de figura pública plasma-se num dos mais fascinantes restaurantes parisienses, frequentado pelos homens e mulheres do mundo da moda e da televisão. Sem complexos nem olhares de voyeuristas, o L' Avenue representa esse cosmopolitismo e modernidade nas relações humanas. Vemos. Somos vistos. E ninguém tem rigorosamente nada com isso.