"Sindicatos manipulam professores para reivindicação inviável" - TVI

"Sindicatos manipulam professores para reivindicação inviável"

    Manuela Ferreira Leite

Manuela Ferreira Leite sublinha que exigência dos professores em verem recuperado o tempo de serviço em que as carreiras estiveram congeladas não está contemplada no Orçamento do Estado e considera que esta classe profissional está ser enredada num jogo de uma "enorme hipocrisia política”

Manuela Ferreira Leite disse, esta quinta-feira à noite, que os professores estão a ser manipulados para algo que não é suscetível de ser resolvido, já que as reivindicações que fazem não estão contempladas no Orçamento do Estado. No comentário semanal na “21ª Hora” da TVI24, a antiga ministra da Educação alertou que toda a polémica em torno da carreira docente pode não passar de um enorme “exercício de hipocrisia política”.

O Governo está cansado de saber que isto não é possível do ponto de vista orçamental. Os parceiros que apoiam o Governo estão cansados de saber que isto não é possível. Passaram horas e horas em negociações sobre o Orçamento. Aprovaram o Orçamento. Globalmente. Sem lá estar uma verba que, pelos vistos, é tão fundamental que parece que cai o mundo se isto não for resolvido. E portanto, antes de mais, eu acho que isto é tudo um enorme exercício de hipocrisia política”, afirmou.

Sobre a reivindicação dos professores verem recuperado o tempo de serviço em que as carreiras estiveram congeladas, a também antiga ministra das Finanças disse que muito provavelmente o Governo terá feito promessas que não podia cumprir e que os próprios sindicatos “sabem que é uma reivindicação inviável” dado o “impacto brutal” que teria no Orçamento.

O Governo prometeu alguma coisa que não era possível executar. Os sindicatos defendem uma coisa que sabem que não é possível executar e portanto manipulam os professores nessa reivindicação que sabem que é inviável”. "E portanto tudo isto é algo de muito insensato, de muito incoerente, de muito leviano, porque não existe nenhum estudo, nenhuma base. Ou se existe, não se conhece”, realçou.

A antiga líder do PSD frisou que os próprios partidos que apoiam essa reivindicação aprovaram o Orçamento, que não contempla verbas para a satisfazer, e acusou essas forças políticas de estarem a “tentar capitalizar esse problema”.

É legítimo que se pense que há uma encenação porque, se todos sabem que isto não é possível e todos reivindicam uma coisa que sabem que não pode ser executada, estão a fazê-lo porquê? Manipulando os professores, que eu acho que é, de todos estes protagonistas, aqueles que estão com mais razão”. “Se não for uma encenação, é de uma hipocrisia política absolutamente assustadora. E portanto eu prefiro pensar que é uma encenação”, defendeu.

Angola: encenação ou mudança real no regime? 

No mesmo espaço de comentário, Manuela Ferreira Leite comentou as exonerações levadas a cabo pelo novo Presidente da República de Angola, João Lourenço, que afastou os filhos do ex-presidente José Eduardo dos Santos dos locais de poder que detinham.

Para a comentadora da TVI, é “evidente” que as substituições que foram feitas em Angola “atingem o coração do anterior regime", mas o que está ainda por saber é se o que está a acontecer é uma encenação ou uma mudança real no regime político.

Se essa eliminação de postos vai ou não corresponder, ou vai ou não traduzir, uma alteração de regime ou se se trata apenas de alteração das famílias – saiu esta família, agora vai entrar outra. Se for assim, nada significa. Se assim não for, então sim pode haver algum significado numa alteração num país que tem estado a ser governado de uma forma que às vezes não é aquela que mais beneficia a população angolana”, rematou.

 

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