Sobre o projeto de programa eleitoral do PS propriamente dito, Carlos Abreu Amorim chamou a atenção para o que considera ser um “sinal” do que poderá vir a ser um Governo de António Costa.
“A política é feita de ideias e é feita de propostas, mas também é feita de sinais. E há sinais ali que são muito importantes. O primeiro sinal, que é extremamente importante, foi a pessoa que apresentou o programa. E a pessoa que apresentou, que não está em causa a pessoa, mas há ali um símbolo, há ali aquilo que podemos dizer que é uma afirmação política. É o ex-porta-voz do Governo de José Sócrates [João Tiago Silveira]. O ex-porta-voz do Governo de José Sócrates apresentou um programa daquilo que António Costa quer que seja o seu futuro Governo”, afirmou o deputado social-democrata.
Para Carlos Abreu Amorim, a apresentação por João Tiago Silveira do programa eleitoral do PS é algo que deve fazer refletir.
“É um sinal de que o Partido Socialista, em primeiro lugar, não aprendeu nada com os erros que cometeu e que nos levaram à pré-bancarrota. Em segundo lugar, que são exatamente os mesmo erros. E agora falando do conteúdo, as propostas e o conteúdo também não são assim tão diferentes”, defendeu.
“Nós verificamos que o PS aparece com a mesma receita, com as mesmas pessoas, com propostas semelhantes e nem sequer a embalagem é muito diferente. A diferenciação é absoluta: o PS quer o regresso ao passado. O PSD e o CDS, a coligação, quer a continuação do trabalho que estamos a fazer e que salvou o país da bancarrota”, rematou.
"PSD e CDS não apresentaram ainda nenhum programa"
Na resposta, José Vieira da Silva fez questão de sublinhar que, depois de uma profundíssima recessão, quando houve alguma reanimação económica no país, ela só aconteceu por causa do consumo.
“É um pouco estranho ouvir o PSD dizer que o erro do PS é ter um programa económico que aposta na questão do consumo, que valoriza o peso e a dimensão da procura interna (…). Ora para nós conseguirmos encontrar alguma réstia de crescimento nestes quatro anos, em que esta maioria governou o país, o que é que explica esse crescimento? O consumo interno, a procura interna e mais nada do que isso”, realçou.
O antigo ministro da Economia fez ainda questão de sublinhar que, ao contrário do PS, o PSD e o CDS ainda não apresentaram nenhum programa.
“Eu também não sei se será muito necessário porque os portugueses sabem bem o que vai ser o programa do PSD e do CDS. Vai ser: cortes de pensões, cortes de salários e aumento de impostos. Se virmos com atenção o último documento que foi apresentado por este governo na Assembleia da República, o Programa de Estabilidade, é isso que lá está”, ironizou.