«Não é a primeira vez que Juncker levanta algumas questões sobre a forma como funcionava a troika. (…) Ele já tinha feito várias críticas à troika, mas nunca de uma forma tão explicita: diz que feriu a dignidade dos cidadãos portugueses, gregos e irlandeses. E diz que a troika é pouco democrática e que não tem legitimidade. Nunca o tinha dito de uma forma tão explícita», sublinhou a comentadora.
Para Constança Cunha e Sá, é importante perceber que Jean-Claude Juncker se pronunciou numa altura em que um dos pontos de oposição entre os Governos grego e alemão é exatamente a existência da troika. E numa altura em que essas mesmas palavras podem ter consequências na reunião dos ministros das Finanças da Zona Euro, marcada para sexta-feira.
«Já vimos que da parte do Eurogrupo há uma pressão muito grande de exigir à Grécia uma total capitulação. O Governo alemão tem estado na linha da frente no ataque feroz às posições da Grécia e já se percebeu também que a Alemanha não vai lá com meias medidas. Ou seja: não quer ceder um milímetro, quer que a Grécia ceda completamente ou então que saia [do Euro]», explicou.
No entender de Constança Cunha e Sá, perante um cenário de uma certa cedência da Grécia e de cedência nenhuma por parte da Alemanha, as declarações de Jean-Claude Juncker vão ter a sua prova de facto, na sexta-feira, nas negociações no Eurogrupo.
Sabendo «que a avaliação do caso grego e a decisão, a capacidade de resposta, não é da Comissão, é do Eurogrupo, é importante perceber que papel terá a Comissão Europeia amanhã [sexta-feira] no Eurogrupo», rematou.