"A partir de hoje, a Grécia fica entregue a si própria. Fica sem apoio nenhum e também não tem dinheiro para pagar ao FMI e isso leva a uma situação de incumprimento. É pela conjugação destes dois fatores de muito risco que não vejo como muito provável o BCE aumentar financiamento de emergência", começou por descrever Constança Cunha e Sá.
"Depois, a posição de intransigência por parte da Alemanha. A senhora Merkel já disse que não ia entrar em mais negociações até à realização do referendo. É exatamente para enterrar o Syriza"
A jornalista da TVI recordou ainda as palavras de hoje do chefe de Governo espanhol, que apoiou que o Syriza abandone o Governo caso ganhe o "sim" no referendo à proposta dos credores.
"Mariano Rajoy disse alto o que todos eles pensam. Não quiseram nunca negociar com o Syriza. Tivesse sido qualquer outro partido a apresentar as medidas que o Syriza apresentou e esse acordo teria ido para a frente. Agora o Syriza cometeu um erro capital de desafiar a autoridade alemã e no meio disto tudo estão os gregos e a democracia", constatou.
Mesmo que vença o "sim", para Cunha e Sá "não é líquido o que vai acontecer". Nesse cenário, "Tipras já disse que não será ele a aplicar medidas de austeridade e que se demitirá. E realmente não teria condições políticas de continuar a governar".
"Se se demite, quem é que assegura a governação? Um governo de unidade nacional? Depois é preciso formar um novo acordo e as negociações para o 3º resgate não vão ser fáceis", vaticinou.