Paulo Portas: "Alemães e ingleses perceberam o que se passava em Portugal antes de nós" - TVI

Paulo Portas: "Alemães e ingleses perceberam o que se passava em Portugal antes de nós"

    Paulo Portas

O comentador da TVI esteve, este domingo, no Jornal das 8 para o comentário semanal "Global". Portas analisou, entre outros temas, a situação pandémica em Portugal, o processo de vacinação e a necessidade de um novo estado de emergência

Paulo Portas é perentório: a “situação pandémica é de facto preocupante”. O comentador da TVI considera que não há dúvidas que os números da covid-19 em Portugal se voltaram a agravar.

Neste momento, no caso português, o mapa que o INSA colocou, na sexta-feira, mostra que a situação é de facto preocupante. (…) A situação em Portugal, obviamente, agravou-se”, explica.

Contudo, o aumento do número de novos contágios tem contornos diferentes daqueles que ocorreram em todas as vagas de covid-19 anteriores. Paulo Portas evidencia que o problema se centra agora nos cidadãos com menos de 50 anos, algo "que não se passava há seis meses atrás".

Entende que a baixa taxa de vacinação entre os grupos etários mais jovens é um dos motivos para o novo paradigma. No entanto, alerta que "a comunicação das autoridades está a léguas de saber falar para as pessoas mais novas”. Algo que ainda se alia a "uma perceção, que não é correta, de que estão imunes a este fenómeno".

A incidência nos jovens subiu 4,7 vezes”, lembra.

 

Paulo Portas analisou os dados do Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge (INSA) que demonstram que, até ao momento, já existiram "19.596 casos de contágios" entre pessoas com uma ou duas doses da vacina contra o SARS-CoV-2, o que representa apenas 0,24% de todos os cidadãos já imunizados em Portugal.

O comentador da TVI recapitulou aquilo que diz ser a "memória pandémica nacional" e reiterou que não se podem cometer os mesmo erros. Lembrando, que todos os momentos críticos pelos quais o país passou foram precedidos de algum tipo de lapso ou abordagem menos ortodoxa.

Há um ano, quando confinámos pela primeira vez esqueceram-se dos rastreadores. Na segunda vaga, acharam que não chegava a Portugal. Na terceira vaga, o erro do Natal e do fim do ano custou-nos o que custou. Agora, esqueceram-se das sequências para permitir verificar as variantes e se nós não sequenciarmos, não apanhamos as variantes. Os alemães e os ingleses souberam primeiro o que se passava em Portugal do que nós próprios”, lembra Paulo Portas.

 

Quanto a um novo estado de emergência, Paulo Portas acredita que não é necessário voltar a decretar o regime de exceção. O comentador considera que já existem fatores preocupantes, neste momento, como "termos 13 capitais de distrito acima do limite de 100 novos casos por 100 mil habitantes (valor de referência na Europa), Portugal ser o segundo pior caso da Europa neste momento (juntamente com Chipre), Lisboa ter superado os 500 novos casos por 100 mil habitantes (número que se considera ser o máximo admissível a nível europeu) e haver positividade acima dos 3%”.

Ainda assim, Portas lembra que "a situação é diferente da do inverno" por haver menos óbitos, menos internamentos e menos internados em unidades de cuidados intensivos. Algo que acredita que não tenha demovido o Primeiro-ministro a pensar na hipótese.

Dá-me a sensação de que o primeiro-ministro esteve perto de pedir outro estado de emergência e o Presidente da República esteve longe de o dar”, teoriza Paulo Portas.

 

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