O comentador da TVI Paulo Portas analisou, este domingo, o plano de desconfinamento apresentado pelo Governo na última quinta-feira. No espaço de comentário Global, no Jornal das 8 da TVI, Paulo Portas considerou que o plano “tem coisa boas e tem algumas que é malha pouco apertada por onde o vírus pode subir”.
É mais objetivo, é faseado (e isso torna a vida das pessoas um pouco mais previsível), começa pelos anos iniciais da escola, o que me parece prudente. Aliás, há quem diga que se devia ter começado pelas creches e pelo pré-escolar, mas só depois da Páscoa pelo resto do sistema escolar. (…) A solução para a Páscoa é a retificação do que aconteceu no Natal. E são critérios nacionais e não uma multiplicidade de critérios locais ou regionais, porque essa estratégia tem algumas vantagens, mas levou-nos à ilusão de novembro e dezembro”, sublinhou.
Mas Paulo Portas considera que os critérios usados pelo Governo para avançar nas fases do desconfinamento podem ser insuficientes. “O primeiro-ministro reduziu os quatro critérios a dois: o R e o número de novos casos. Os epidemiologistas e especialistas de saúde pública (…) dizem que tem que lá estar a positividade dos testes, porque isso é um indicador que a situação evoluiu para melhor ou para pior e tem que lá estar a saúde, que é o mantra disto tudo”, analisou.
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O comentador considerou que “a chave para isto correr melhor é testar, rastrear, isolar e vacinar o mais depressa que pudermos” e manifestou preocupação com os “autotestes” que se vendem na farmácia e que qualquer um pode fazer a si próprio. “O nível de falsos negativos e o nível de fraude eu isso pode gerar… Faz-me muita confusão a não obrigação de reporte a nenhuma autoridade”, sublinhou.
Paulo Portas salientou que “o plano é mais omisso” na questão do rastreio: “Nós deveríamos saber hoje quantos rastreadores novos temos. Foi isso que nos condenou, no Turismo, em junho e julho do ano passado.”
Os perigos de baixarmos a testagem
Paulo Portas considerou que “estamos a baixar, de uma forma muito misteriosa o número de testes”.
“A regra da DGS de testes em massa está em vigor desde 11 de fevereiro. Ora, de fevereiro até agora, fomos descendo no número de testes – 34 mil testes, 30 mil, 27 mil e 24 mil. Todos nós sabemos que, havendo confinamento, haverá necessidade de menos testes. A este nível é que eu acho que é preciso pôr a estratégia de testar em massa em vigor. Porque, se não, podemos estar a criar para nós próprios uma ilusão”, alertou.
A “lição de chá” da Rainha de Inglaterra
Além da evolução da pandemia, Paulo Portas analisou ainda alguns temas de cariz internacional. Entre eles, o efeito da entrevista de Harry e Meghan na monarquia britânica. Portas teceu rasgados à Rainha Isabel II e à forma como reagiu à entrevista.
Acho que a Rainha servirá o dever até ao último sopro de vida. Por causa da entrevista de Meghan e de Harry, ela fez um comunicado que tinha menos de 100 palavras e que diz tudo de uma maneira muito elegante. É, no sentido mais inglês da palavra, uma lição de chá.”
O comentador falou também da situação política no Brasil, numa altura em que a situação da pandemia no país está a evoluir de uma forma preocupante. Lula da Silva recuperou os seus direitos políticos, depois de um tribunal superior ter considerado o Tribunal de Curitiba incompetente para o julgar.
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Paulo Portas não poupa críticas ao juiz que o tinha condenado, Sérgio Moro, que se tornou ministro da justiça de Bolsonaro: “Acho que um juiz não vai para a política e Sérgio Moro comprometeu a credibilidade da operação Lava Jato quando aceitou ser ministro de um Governo.”
O Brasil está mais polarizado do que nunca. Bolsonaro teria, neste momento, 41% dos votos. Lula da Silva teria 40%. O que quer dizer que o país fica entre dois populistas bastante extremados (…) e não há moderação. Não há ninguém no meio.”