«4x4x3»: um passe de Óliver para Lopetegui - TVI

«4x4x3»: um passe de Óliver para Lopetegui

4x4x3

A influência do médio espanhol, recrutado pelo FC Porto a pedido do técnico que esta semana foi novamente despedido

«4x4x3» é um espaço de análise técnico-tática do jornalista Nuno Travassos. Siga-o no Twitter.

«É o mais entusiasmante produto das escolas do Atlético de Madrid pós-Fernando Torres, e até tem o mesmo apelido. Óliver Torres chegou à equipa principal dos «colchoneros» com apenas dezassete anos, mas apresenta uma maturidade absolutamente anormal dentro de campo. O que mais surpreende, contudo, é a forma como alia a elevada capacidade técnica a uma intensidade impressionante. Sempre perto da bola, a tocar curto, mas depois também com elevada capacidade para jogar longe. Um talento para continuar a seguir de perto, ainda que a afirmação no At. Madrid tenha de ser gradual e sustentada.»

«4x4x3» de agosto de 2012

O problema de Óliver Torres nunca esteve na intensidade. Ou pelo menos naquilo que alguns adeptos entendem como intensidade, quando na verdade estão a pensar em agressividade, ou até em quilometragem.

O dicionário online da Priberam esclarece-nos que «intenso» é o adjetivo que se aplica a algo «que tem muita tensão», «ativo», «enérgico, veemente». Nesse sentido, tal como já defendia em 2012, Óliver Torres não tem problemas de intensidade. Pelo contrário. É bastante ativo na forma como procura a bola, enérgico a tentar dar verticalidade à equipa, veemente na forma como quer pensar o jogo da equipa.

Isto não quer dizer que o espanhol não possa trabalhar mais sem bola, assumir um papel mais visível no processo defensivo da equipa. Conseguiu isso nos últimos jogos, de resto. Mas isso não é intensidade.

Independentemente da terminologia, o que importa destacar é a aproximação de Óliver aos requisitos de Sérgio Conceição. E ainda que seja difícil desfazer a dupla Danilo-Herrera, o espanhol pode ser um forte aliado do técnico nesta tentativa de incutir um futebol mais apoiado e menos direto. E ainda que tenha já mais de cem jogos de dragão ao peito, Óliver vai apenas comemorar o 24º aniversário em novembro (no dia 10).

A contratação do médio formado no Atlético de Madrid foi pedida por Julen Lopetegui, técnico que esta semana foi novamente despedido, desta feita pelo Real Madrid. Uma decisão que não teve muito de surpreendente, mas que diz tanto sobre o antigo técnico portista como de quem o escolheu para substituir Zinedine Zidane (à revelia da federação espanhola, como importa recordar).

O comunicado a anunciar a rescisão de contrato sacode a água do capote de Florentino Pérez, como se a preparação da presente temporada estivesse isenta de responsabilidades no que ao presidente «merengue» diz respeito.

E no meio de tanta opinião inflamada, até mesmo em Portugal, lá apareceu o pai de Lopetegui a lembrar que ao filho «roubaram 50 golos».

É verdade que o plantel do Real Madrid tem oito jogadores nomeados para a Bola de Ouro, mas perdeu um dos maiores nomes da história deste desporto. Um tal de Cristiano Ronaldo. Não explica tudo, mas é um argumento válido para Lopetegui devolver ao capote de Florentino.

(artigo publicado às 23h46 de 1/11/2018)

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