Pequeno de mais - TVI

Pequeno de mais

Jorge Jesus Libertadores

«Balolas»

Jorge Jesus já não cabe em Portugal. O fantasma deixou de pairar sobre os ombros de Bruno Lage. Pelo menos para já. O treinador assumiu o desejo de orientar um grande europeu, e por maior que seja o Benfica, não é suficientemente grande para ele.

Foi bonito ver Jesus em lágrimas quando lembrou a avó, nascida no Brasil, para voltar a recordar que foi em Portugal que nasceu, e com muito orgulho. O mesmo orgulho que os portugueses terão, depois das conquistas do Flamengo.

Orgulho? Pois, agora é fácil, até mesmo para mim. Fui concerteza dos muitos que duvidaram da escolha de Jorge Jesus de seguir para o Brasil. Como diz o próprio «agora é enfiar a viola no saco», e admitir que, afinal, Jesus pode assumir um qualquer desafio, tenha ele o tamanho que tiver. E o Flamengo era um desafio monumental, que Jesus, teimoso, e praticamente sozinho, assumiu para ele.

Chegou com oito pontos de atraso, ganhou de cadeirão, em plenos festejos da vitória na Taça dos Libertadores.

E Jesus já olha o Mundial de Clubes, onde consegue vislumbrar uma final com o Liverpool. Que montra para o português, se é que seria necessário. E se ganhar? E porque não?

Eu já estou por tudo. Agora é mais fácil! «Prognósticos só no fim do jogo» como disse um dia o grande João Pinto, capitão do FC Porto. O Flamengo já ganhou tanto e em tão pouco tempo, com Jorge Jesus, que mesmo que o deixe escapar, já valeu a escolha. Sim, porque afinal houve alguém lá no clube do Rio de Janeiro que se lembrou de Jesus. A mesma cidade que agora acolhe o cidadão honorário carioca. Maravilhosa com os seus mais de 6 milhões de habitantes, também ela passou a ser pequena de mais, para os sonhos do treinador português.

Que contradição. Pequena de mais? Sim, porque provavelmente os sonhos de Jorge Jesus, deixaram de ser terrenos. Porque Jesus é treinador, mas de outro Mundo!

Obrigado, Jesus!

«Balolas» é um artigo de opinião de Paulo Pereira, jornalista da TVI, que escreve neste espaço de duas em duas semanas, sempre às terças-feiras.

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