PLAY: manifesto cultural em azul e branco (só para portistas) - TVI

PLAY: manifesto cultural em azul e branco (só para portistas)

Festa Aliados

Edição especial sobre os novos campeões nacionais

PLAY é um espaço semanal de partilha, sugestão e crítica. O futebol espelhado no cinema, na música, na literatura. Outros mundos, o mesmo ponto de partida. Ideias soltas, filmes e livros que foram perdendo a vez na fila de espera. PLAY.

SLOW MOTION:

«Pedroto, o Mestre» - da RTP

Anéis de campeão enleados. Ou quando a teimosia da História cria coincidências cíclicas.

O PLAY presta homenagem ao título do FC Porto – tal como o fez em 2015 ao Benfica – e recorda três homens que acabam por ter um lugar muito especial no museu azul e branco: José Maria Pedroto, António Oliveira e Sérgio Conceição.

Isto anda tudo ligado: Pedroto foi campeão como futebolista no FC Porto duas vezes (1956 e 1959) e teve de esperar quase 20 anos (19) para celebrar a mesma conquista na condição de treinador (1978 e 1979).

Pedroto acabou por treinar António Oliveira nessas últimas conquistas. Oliveira foi campeão, na pele de genial médio, em 78 e 79, esperando depois também 19 anos para repetir a vitória no campeonato nacional como treinador (1997 e 1998).

E quem estava nessas equipas de Oliveira? Sérgio Conceição, claro. E quantos anos teve de esperar Conceição? Pois é, 20 anos depois, lá está ele a reconduzir o FC Porto aos títulos. Na função de treinador principal.

Três nomes umbilicalmente ligados às décadas de ouro portistas – essencialmente a partir de 1978 –, três nomes condenados à eternidade no museu da memória dos dragões.

Também por isso, o PLAY sugere o documentário «Pedroto, o Mestre», uma excelente recordação passada há alguns anos na RTP.

Afinal, o Zé do Boné está ligado a tudo isto. Até ao título de 2017/18.

SOUNDCHECK:

«Porto, Porto» - de Sérgio Godinho

O cantautor tem outras preferências clubísticas, mas a letra é um tratado sobre o ser portuense. E ser portuense é, em muitos casos, também o ser portista.

Godinho, trovador português, canta o Porto, Porto como ninguém. Vale a pena ouvir e ler a letra.

«Vindo deste Vigo ao Porto
sem mala nem passaporte
o comboio era tão velho
que o fumo cheirava a morte

Pela manhã vi-me em S. Bento
tinha os olhos mal dormidos
estava na rua um silêncio
daqueles de abrir ouvidos

Quando de repente o estrondo
duma explosão fabulosa
me atirou quase por terra
à esquina da Carvalhosa

Vi um fumo no horizonte
tomei o trolley p´ra Baixa
desci depois do Palácio
e fui deparar com um graxa…»



PS: «Often Trees» - dos Blind Zero

Miguel Guedes é uma das vozes mais lúcidas e autorizadas no tratamento mediático do portismo. E é também uma das vozes mais facilmente reconhecíveis do rock português nos últimos anos.

Os Blind Zero já deviam ter aparecido no PLAY. Com atraso, mas num momento desportivo particularmente feliz para Guedes y sus muchachos, fica este lindíssimo You Have Won, um nome que fica extremamente bem se dedicado ao plantel 2017/18 do FC Porto.



VIRAR A PÁGINA:

«Portismo à Maneira Curta» - de Francisco Simões

«O portismo é um sentimento espontâneo, mas…e se um garoto decidir enjeitá-lo?

E se os tempos recentes, de maior adversidade competitiva do que o habitual, pusessem essa tendência natural em perigo? E se não for esse o caso e, mesmo assim, o educador portista quiser ter à mão meia-dúzia de truques para educação portista, dos mais sublimes ou daqueles mais rasteiros, com entrada a pés juntos e direito a vermelho direto, apenas porque sim?»

A sinopse da Porto Editora demonstra ao que vamos. O autor promete «soluções para proteger a pequena alma portista» num período de menos vitórias e mais angústias azuis e brancas.

Como está bom de ver, o livro foi lançado muito antes do título 2017/18. Os portistas terão agora muito mais gosto a lê-lo, certamente.
 

«PLAY» é um espaço de opinião/sugestão do jornalista Pedro Jorge da Cunha. Pode indicar-lhe outros filmes, músicas e/ou livros através do e-mail pcunha@mediacapital.pt. Siga-o no Twitter.

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