Racismo, 0 - Inglaterra, 6 - TVI

Racismo, 0 - Inglaterra, 6

Bulgária-Inglaterra (AP)

«Balolas»

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«Balolas» é um artigo de opinião de Paulo Pereira, jornalista da TVI, que escreve neste espaço de duas em duas semanas, sempre às terças-feiras.

Desde já importa assumir que o título não é meu, mas traduz com total exatidão aquilo que penso sobre o que se passou em Sófia. O seu a seu dono, o título é do Daily Mail, um dos muitos jornais ingleses que expressaram a sua indignação perante os insultos a Tyrone Mings, Raheem Sterling ou Marcus Rashford, que obrigaram à interrupção, por duas vezes, do Bulgária-Inglaterra. E porquê estes três jogadores? Porque um bando de energúmenos entende que pode insultar alguém, apenas e só por causa da sua cor de pele.

O aviso já tinha sido lançado antes ainda da partida, mas foi desvalorizado por Krasimir Balakov. Dizia o selecionador búlgaro: «Não acredito que tenhamos este grande problema como, por exemplo, tem a Inglaterra.» O médio que passou pelo Sporting e que era um virtuoso com os pés, não o foi com as palavras. E a comparação, para além de traiçoeira, foi infeliz. O racismo não tem cor ou nacionalidade, é um flagelo que cruza todos os continentes e que não pode ser ignorado. Foi isso que fez o capitão da seleção búlgara, que ao intervalo se abeirou da bancada para tentar pôr um travão na indigna atitude de alguns dos seus adeptos. Em vão.

Nesta altura a boa notícia é que as responsabilidades estão a ser assumidas. Mas foi necessária a intervenção governamental, para que o presidente federativo se demitisse. Outro irá ocupar o lugar, com a difícil missão de erradicar o racismo dos estádios búlgaros. Como também de outros estádios espalhados pelo mundo. A UEFA terá certamente mão pesada para com a Federação Búlgara, e uma multa, ou um ou dois jogos à porta fechada, não resolvem o problema. A questão tem que ser levada bem mais a fundo, e a voz de indignação dos que não pactuam com este tipo de atitudes, tem de ser ouvida. Importa criar nova legislação para colocar fora dos estádios, como também da sociedade, estes energúmenos cuja principal ocupação é promover o ódio.

Termino como comecei, com a goleada inglesa ao racismo. Que sirva de exemplo, e que nos obrigue a todos a pensar em soluções para colocar um ponto final neste péssimo exemplo, sem lugar no futebol que tanto adoramos.

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