SOS Marega, por mim não passarão - TVI

SOS Marega, por mim não passarão

Chuteiras Pretas

«Chuteiras Pretas»

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«CHUTEIRAS PRETAS» é um espaço de Opinião do jornalista Pedro Jorge da Cunha. Um olhar assumidamente ingénuo sobre o fenómeno do futebol. Às segundas-feiras, de quinze em quinze dias. Pode seguir o autor no Twitter. Calce as «CHUTEIRAS PRETAS».

Só aceito uma forma de lidar com o racismo: a exterminação. Pode ser em câmaras de gás ou por apedrejamento popular. Atirar a manada de acéfalos racistas à fogueira também não me parece desproporcionado. É uma questão de acertar na temperatura certa para não deixar torrar.

O mau cheiro do racista esturricado é tóxico. Provoca-me náuseas e vómitos. É isso e a imagem do político nacionalista de extrema direita, camuflado na plumagem de deputado da nação e a gritar histérico ‘vai para a tua terra!’, como se a nossa terra lhe pertencesse. Vai desaparecer mais depressa do que imagina.

O racismo, em todas as suas manifestações, não é compatível com «mas» nem «meio mas». Não tem atenuantes, não tem desculpabilização, não precisa de enquadramento histórico ou contexto social.

É RACISTA, é um nojo. E quem tiver meias palavras relativamente a isto, escusa de voltar a falar comigo. Grandes males, grandes remédios, se por remédio entendermos a democracia humanista. Todos iguais, sem fronteiras, sem preconceitos, apenas distinguidos na forma de pensar e agir.

É por isso, e por tudo o que esta questão maior envolve, que Moussa Marega foi em Guimarães o meu Martin Luther King, o meu Malcolm X, o HOMEM que recusou ser menos homem só por ter uma pigmentação que não agrada às bestas que o insultaram.

O gesto de Marega, ao recusar o chamamento de símios grotescos a partir das bancadas de Guimarães, expôs com a clareza de um julgamento popular a necessidade de identificar os bandidos dos «uh, uh, uhs» e de todos os que os aplaudem ou relativizam.

Atenção aos seguidores de Venturas, aos boçais discípulos da segregação racial - que não sabem o que significa ou o que foram os horrores do Holocausto -, a todos os portadores deste vírus demente chamado racismo: com a reação histórica e fundamental de Moussa Marega, ficámos a saber melhor quem vocês são e o que pensam.

Moussa, obrigado por usares o teu palco desta forma. Desmascaraste-os a quase todos.  

Por mim não passarão.

PS 1: as reações das entidades responsáveis – Liga, Federação, Governo, PSP – fazem-me acreditar que este lamentável caso terá, desta vez, as consequências justas. Que as palavras não sejam levadas pelo vento. Uma vez mais. Em relação à reação do senhor presidente do Vitória, remeto-vos para a Opinião de Sérgio Pereira, diretor-executivo do Maisfutebol.

PS 2: já elogiei muitas vezes o Vitória Sport Club, de Guimarães, pelos adeptos que tem. Mantenho o elogio. Tenho a certeza que 99,9 por cento das suas gentes não se identifica com o comportamento de um punhado de anormais.

PS 3: joguei futebol federado durante 27 épocas e assisti dezenas/centenas de vezes a estes gritos que imitam primatas. Sempre com os mesmos alvos: jogadores negros. Lamento, lamento mesmo, que nos meus anos de ingénua infantilidade tudo isso me tenha parecido normal ou aceitável.   

PS 4: a comunicação do Sport Lisboa e Benfica conseguiu publicar um vídeo anti-racismo sem nunca mencionar o nome de Moussa Marega. Admirável.      

«CHUTEIRAS PRETAS» é um espaço de Opinião do jornalista Pedro Jorge da Cunha. Um olhar assumidamente ingénuo sobre o fenómeno do futebol. Às quintas-feiras, de quinze em quinze dias. Pode seguir o autor no Twitter. Calce as «CHUTEIRAS PRETAS».  


 

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