Xadas é o futuro a dizer-nos que vai concretizar-se - TVI

Xadas é o futuro a dizer-nos que vai concretizar-se

Sp. Braga-FC Porto (Lusa)

«Se eu me chamasse Marrekovic»

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«Se eu me chamasse Marrekovic» é uma rubrica do programa televisivo de desporto da TVI24 «Maisfutebol» (sextas-feiras, a partir das 22:00), da autoria de Luís Mateus, e que o próprio transpõe agora para o espaço digital. Criada a partir da frase original do futebolista Tozé Marreco, pretende destacar jovens jogadores portugueses em bom momento e a merecer maior atenção.

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Este é fácil.

Há jogadores que tocam na bola como craques, e ainda são meros aspirantes a qualquer coisa semelhante a um jogador. Têm aquele toque de algodão, que, esse sim, não engana. A bola gosta deles, entusiasma-se quando a levam colada junto aos três-dedos e sai feliz assim que a chicoteiam na direção do golo.

O que Xadas pode vir a ser viu-se nesse toque, com o pé esquerdo a chegar-se à frente. Antes do Mundial sub-20, na Sanjoanense e depois no Sp. Braga B. Um palmo-e-meio de gente que não sentia o peso do 10 que levava às costas. Abel conhecia-o, foi fácil chamá-lo para perto, e esperou que o talento se revelasse com a paciência e arte meticulosa de quem vive a vida num quarto-escuro. A Seleção projetou-o, anunciou-o ao resto do país, era só abrir-lhe a porta e deixá-lo entrar.

Aos 19 anos, é tudo muito cedo. Demasiado. Aos 19 nunca se é constante. Vive-se entre o deslumbramento e a desilusão, arrisca-se crescer demasiado rápido. Xadas vai andar nessa roda viva, até perceber toda a extensão do seu potencial, o vislumbre do seu talento. Até assentar. Pode ser aos 20, aos 21, ou aos 25, e vai ter de percorrer os caminhos certos, e nunca deixar o trilho, mas acabará por acontecer.

No meio ou na ala. A 10 clássico, a trequartista ou como extremo. Arranjará sempre forma de chegar ao golo e ao sucesso. 

Leva dois grandes golos e duas assistências. Duas obras de arte, e dois passes decisivos. Já foi figura, saiu da equipa, e voltou agora. O deslumbramento e a desilusão, a incerteza e o voltar a deslumbrar, até nova dúvida. Faz parte. O tempo dar-lhe-á maior definição.

Aos 19 anos, tem-se medo de dizer muita coisa com medo que dê azar, ou que murche. Que se parta. Vamos dizê-lo baixinho para ver se ninguém nos ouve. A receção orientada, o drible curto, a aceleração e o remate, explosivo ou em jeito de pincelada de artista, está tudo ali. A confiança, misturada com a humildade. À espera de consolidação, continuidade.

A Bruno Xadas, à beira dos vinte aninhos, ainda tem de dizer-se:

Vai lá para dentro e diverte-te!

Ai de quem não o diga! O resto acabará inevitavelmente por acontecer.

Ainda baixinho, acrescento aqui, que ninguém nos ouve: Xadas é o futuro, e ainda o veremos concretizar-se.

   

 

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