Paulo Portas: "Espero que alguém ainda seja capaz de evitar que Portugal desperdice vacinas" - TVI

Paulo Portas: "Espero que alguém ainda seja capaz de evitar que Portugal desperdice vacinas"

    Paulo Portas
  • MJC
  • 30 mai 2021, 23:11

O comentador da TVI criticou a Direção-Geral de Saúde por alterar as recomendações quanto à aplicação da vacina da AstraZeneca, sem esclarecer como é que o processo vai decorrer daqui para a frente

Paulo Portas mostrou-se preocupado com o efeito que a final da Liga dos Campeões, no Porto, possa ter nos contágios de covid-19 em Portugal. "Não havia necessidade, temos que abrir mas temos de ter cuidado com a forma como abrimos", disse, no seu espaço de comentário semanal na TVI, "Global".

As celebrações do título do Sporting foram um desastre, foram um grande evento de super-contágio e parece que o Governo não aprendeu nada pois pouco depois permitiu este ajuntamento de adeptos ingleses no Porto".

"Não sei como é possível o número de adeptos pôde ter sido alterado sem dar explicações, veio mais gente que nem bilhete [para o jogo] tinha", sublinhou, considerando ainda como ingénua a ideia inicial das autoridades de que seria possível "fazer uma bolha" com os milhares de adeptos ingleses. E a responsabilidade, afirma, é do ministro da Administração Interna.

Vêm aí os santos populares, onde se vai colocar outro problema do género", lembrou Paulo Portas. "Sou defensor que temos de abrir, senão a economia entra em colapso. Mas temos que o fazer com conta, peso e medida, para não pôr em causa o esforço de toda a gente."

Ao fim de quatro semanas de estado de emergência temos os contágios moderadamente a subir - mas Paulo Portas lembra que o país continua a fazer "um número reduzido de testes". 

Há, no entanto, duas boas notícias: as fatalidades por covid-19 baixaram e os internamentos, nomeadamente nos cuidados intensivos, também. "Isso é o mais importante."

Além disso, a vacinação continua a bom ritmo. "Atingiremos esta semana os dois milhões de portugueses completamente vacinados", o que é um sinal positivo, diz Portas, embora não nos possamos esquecer que estes ainda são só 20% da população.

Ao contrário do que acontecia há uns tempos, agora é o Presidente que quer abrir mais o país, enquanto o primeiro-ministro "parece mais preso a autoridades como a DGS que lhe aconselham a restrição".

Paulo Portas criticou mais uma vez o modo como a Direção-Geral de Saúde tem lidado com a vacina da Astrazeneca, uma vez que ainda ontem voltou a alterar as recomendações para a sua aplicação, o que pode causar alguma confusão nas pessoas. 

Agora, as pessoas com menos de 60 anos que tenham tomado a primeira dose da Astrazeneca podem optar por tomar uma segunda dose de outra vacina, da Pfizer ou da Moderna.

"O que vai acontecer nos próximos dias? Há as três vacinas disponíveis para estas pessoas? Quem toma a decisão: o médico, o cidadão?", pergunta Paulo Portas, indo ainda mais longe:

A Diretora-Geral de Saúde devia estar nas televisões hoje para explicar como se vai processar a vacinação deste quase um milhão de pessoas e como vai ser a vacinação com a Astrazeneca daqui para a frente."

Estes recuos com a vacina da Astrazeneca colocam, obviamente, um problema a Gouveia e Melo, coordenador da task force, conclui Portas: "Ele tem pessoas para vacinar, sobretudo abaixo dos 60 anos, e tem vacinas mas não as pode dar. Há obviamente um desencontro". Corre-se o risco de Portugal desperdiçar 2,7 a 3,2 milhões de doses.

Eu espero que alguém ainda seja capaz de evitar que Portugal venha a desperdiçar vacinas, e nao são poucas. Não estamos em condições de desacelerar. Temos que acelerar a vacinação para abrir a economia", afirma o comentador da TVI.

No "Global" desta semana, Paulo Portas demonstrou ainda a sua preocupação com o envelhecimento demográfico do país e com a aparente falta de respostas do Governo: "Em 2050 vamos passar a ter um país de doenças crónicas; a despesa de saúde sobe para 8% do PIB e a despesa com educação desce, porque não há crianças". Com este cenário, devíamos ter "políticas de apoio à poupança" para precaver os problemas com as reformas. E, além disso, é preciso pensar "o que virão a ser os lares do futuro, os hospitais e o apoio domiciliário, tudo isso tem que ser repensado".

No plano internacional, Paulo Portas analisou as relações da Rússia com as antigas repúblicas da União Soviética, nomeadamente com a Bielorrússia, e ainda com os Estados Unidos, antecipando um pouco o que será a cimeira de Biden e Putin.

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