No programa “Olhos nos Olhos” da TVI24, Medina Carreira mostrou-se surpreso por nenhum dos partidos políticos em negociações “falar de dinheiro”, salientando que será um “desastre” se a despesa pública aumentar.
“Sendo este um problema de dinheiro, é espantoso que não se fale de dinheiro. Nós não podemos aumentar a despesa pública, porque já estamos acima das possibilidades. Aqueles que querem ir contra a chamada austeridade vêm aumentar a despesa pública. Se isto acontecer é um desastre. (…) É preciso que chegue um Governo que saiba que estamos a falar de austeridade. Temos de falar de dinheiro, e ninguém fala de dinheiro.”
Medina Carreira antecipa que se Portugal “desandar”, terá uma queda muito rápida, semelhante à da Grécia, e antecipa que as complicações podem surgir para “os fins do ano”.
“Se isto desandar um pouco, oxalá não aconteça, é muito rápida esta queda. Estamos a fazer um percurso semelhante ao da Grécia, ‘essa gente’ que anda por aí são mais ou menos uns ‘syrizas’. Querem acabar com a austeridade e querem dar mais dinheiro às pessoas, simplesmente a riqueza não cresce e por conseguinte tem de se pedir dinheiro emprestado, ou aumentar impostos, para não dar asneira. A complicação pode surgir nos fins do ano. Depende [de como formos avaliados lá fora]: pela Bélgica, pelas agências de rating… essa gente é que vai começar a dar o alarme.”
Também o professor no Instituto Superior de Economia e Gestão, Avelino Jesus, convidado no programa desta terça-feira, considerou que as propostas até agora apresentadas pelo PS nas negociações, tanto com a coligação, como com os partidos à esquerda, são de aumento da despesa pública, o que poderá trazer consequências graves para a economia.
“As propostas do [Partido Socialista] são de aumento da despesa. As negociações não estão a ter em conta a real situação do país. Há um risco muito sério [de regressarmos à situação de há quatro anos].”