Miguel Sousa Tavares: a vida de Duarte Lima "daria um romance" - TVI

Miguel Sousa Tavares: a vida de Duarte Lima "daria um romance"

    Miguel Sousa Tavares
  • CE
  • 29 abr 2019, 22:20

Miguel Sousa Tavares analisou, no espaço de comentário do Jornal das 8 desta segunda-feira, as eleições gerais em Espanha. Paulo Portas, como comentador habitual no Jornal das 8 aos domingos, desta vez também esteve presente. Analisou-se a expansão e a força que os partidos de extrema-direita têm ganho na Europa, a detenção de Lula da Silva "sem provas diretas" e a detenção de Duarte Lima, o homem cuja vida "daria um romance"

Miguel Sousa Tavares analisou, no espaço de comentário do Jornal das 8 desta segunda-feira, as eleições gerais em Espanha. Paulo Portas, como comentador habitual no Jornal das 8 aos domingos, também marcou presença. Analisou-se a expansão e a força que os partidos de extrema-direita têm ganho na Europa, a detenção de Lula da Silva "sem provas diretas" e a detenção de Duarte Lima, o homem cuja vida "daria um romance".

As eleições gerais em Espanha, no domingo, fez do PSOE (socialista) o partido mais votado, com 28,8% dos votos, mas sem maioria absoluta. Vox, o partido de extrema-direita, conseguiu obter pela primeira vez representação parlamentar, elegendo um total de 24 deputados. Já o Partido Popular teve o pior resultado de sempre. Miguel Sousa Tavares, um dos enviados da TVI a Espanha para acompanhar a fase final destas eleições, considera que este resultado clarifica a situação política do país. 

Clarifica porque dá mais 38 deputados ao PSOE (...) embora não haja nenhuma transferência de votos da direita para a esquerda. Nenhuma. E vice-versa. Portanto, nesse aspecto, a Espanha ficou estabilizada, as duas espanhas mantiveram-se (...) há uma direita e há uma esquerda"

Já Paulo Portas considera que a política espanhola está, como a generalidade da política da Europa, "hiper fragmentada" e por isso "muito longe das maiorias claras"

Pedro Sánchez conseguiu, desta vez, a maioria dos votos e não apenas a maioria dos mandatos. Estamos numa fase da política espanhola muito longe de maiorias claras (...) a política espanhola, como na generalidade da política na Europa, está hiper fragmentada" 

Paulo Portas acredita que Pedro Sánchez vai tomar a mesma posição do primeiro-ministro António Costa, ou seja, governar com os partidos de esquerda. 

Miguel Sousa Tavares fez também referência ao aumento da participação eleitoral em Espanha, que a nível nacional aumentou 6% e na Catalunha 11%, em comparação com 2016. 

Eleições Europeias

Outro os temas em análise, foi a expansão e a força que os partidos de extrema-direita têm ganho na Europa. Miguel Sousa Tavares afirma que um dos pontos mais preocupantes desse crescimento são os votantes mais jovens. 

O Vox seguiu a mesma tática que Trump na campanha presidencial e que Bolsonaro no Brasil, que é concentrar tudo nas redes sociais na fase final da campanha (...) onde está a juventude. E um dos factos preocupantes são os novos votantes, que só em Espanha foram 1 milhão e 100 mil. Quantos deles não terão votado no Vox? Muitíssimos" 

No entanto, afirma que os partidos que podem vir a ter representação no Parlamento Europeu, provavelmente, não vão estar em concordância política. 

Esta frente ultra direita que se estará a formar no Parlamento [Europeu] (...) tem algumas dissensões. O Salvini é muito próximo do Putin, os austríacos também, o Vox não quer nem ouvir falar do Putin, os polacos e os suecos presumo que também não. Portanto, em termos de geo-política europeia, há ali coisas que são um bocadinho inconciliáveis". 

Centrando as atenções em Portugal, e falando concretamente do partido Chega de André Ventura, Miguel Sousa Tavares diz que "André Ventura é uma anedota ao lado disto. Sem ofensa para o senhor, mas politicamente não existe"

Na mesma ótica, Paulo Portas afirma que "nós não devemos chamar até nós problemas que não temos. O Miguel e eu fazemos parte do grupo de pessoas que se bateram, com todas as suas forças, para que Portugal não fosse inventar regiões políticas que não tinham qualquer justificação histórica e que nos iam criar um problema a prazo enorme". E acrescenta, "Portugal nunca teve tendência para os extremos"

Detenção de Lula da Silva

Relativamente à detenção de Lula da Silva, que viu na semana passada a pena ser reduzida de 12 anos e um mês para oito anos, 10 meses e 20 dias de prisão, Miguel Sousa Tavares afirma que o ex-presidente brasileiro foi condenado "sem nenhuma prova direta"

Este é um caso que tem muito que se lhe diga. Em Portugal isto não era possível. Desde logo, o mesmo magistrado dirige a investigação, dirige a instrução, deduz a acusação, faz o julgamento e dá a sentença. Isto não era possível em Portugal. Basta pensar como é que alguém que acusa alguém, que deduz a acusação, depois vai julgar? Não pode ser um juiz neutro"

E acrescenta, "no caso do Lula, independentemente do que ele tenha feito ou não tenha feito, isto pelo que ele foi condenado não há nenhuma prova direta. (...) Eles não têm um papel que diga que o Lula comprou o tal triplex em Guarujá, não têm uma testemunha que diga que ele tenha dormido lá uma noite, ou alguém da família, não têm uma escuta telefónica sobre o negócio, não têm absolutamente nada"

Detenção de Duarte Lima

Por fim, a detenção de Duarte Lima. O comentador da TVI deixou elogios ao ex-líder parlamentar do PSD, relativamente à sua inteligência, capacidade de trabalho, e musicalidade. Ainda assim, afirma que está convencido da culpabilidade de Duarte Lima em qualquer um dos casos em que está a ser, ou já foi, julgado e que "a sua vida daria um romance"

Duarte Lima foi um grande líder parlamentar do PSD e a vida deste homem dava um romance. Estamos aqui perante uma pessoa que saiu do nada, subiu a pulso na vida e por mérito próprio, uma pessoa superiormente inteligente, um grande músico. E esta pessoa escapa sucessivamente, quer a problemas de saúde quer a problemas de justiça, e quando uma pessoa normal que escapa aquilo tudo acharia que 'já chega, vou ter uma vida recatada', ele continuava sempre a meter-se em sarilhos"

 

Temos aqui um homem que podia ter tido um destino extraordinário e fez do seu destino o contrário. O que é notável"

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