I'm your fan - TVI

I'm your fan

    José Carlos Araújo
    Jornalista TVI e TVI24. <br /> <br /> <a class="twitter-timeline" href="https://twitter.com/J_C_Araujo" data-widget-id="290806874645860354">Tweets de @J_C_Araujo</a> <script>!function(d,s,id){var js,fjs=d.getElementsByTagName(s)[0];if(!d.getElementById(id)){js=d.createElement(s);js.id=id;js.src="//platform.twitter.com/widgets.js";fjs.parentNode.insertBefore(js,fjs);}}(document,"script","twitter-wjs");</script>
Morreu Leonard Cohen

José Carlos Araújo escreve sobre Leonard Cohen, que morreu aos 82 anos

Acordar e saber da morte de Leonard Cohen é despertar para a realidade de um universo (musical) que perdera uma das referências mais brilhantes e profundas, caraterísticas compatíveis ao longo de décadas. Um brilhantismo alcançado com rasgos de frases cantadas, sussurradas, murmuradas ou faladas, em harmonia com a profundidade com que as relações, os sentimentos e as descrições de estados de espírito.

Abri os olhos (e os ouvidos) para Cohen aos 13 anos. Não foi tarde nem foi cedo. “Various Positions” é um disco (em vinil) que apresenta em definitivo o tom afirmativamente grave da voz do canadiano, atenuado (quiçá propositadamente) com os duetos vocais de parceria com Jennifer Warnes.

Visto agora a décadas de distância, algo de místico havia no ambiente criado para ser capaz de captar a atenção de um miúdo. A densidade romântica de “Dance me to the end of love”, a delicadeza de “Coming back to you” ou a devoção sofrida e ansiosa de “Hallelujah”, deixaram-me refém do que mais Cohen tivesse para contar.

Confesso que não foi logo ali que andei para trás na discografia. Levei a “pancada” definitiva quatro anos depois, já à beira da maioridade e perante ilusões romanceadas, com o disco “I’m your man”. Sim, era ele o homem que conseguia dizer de forma subtil, mas convicta, “First we take Manhattan” ou que dissimulava e continha a raiva em “I can’t forget”.

Sim, era ele o homem que fazia de “Everybody knows”, uma confissão natural ou que hipnotizava o ouvinte com um clique que soava a um tic-tac de um relógio ou a um metrómono musical em “Tower of song”. Esta canção que fecha o álbum introduz a partir do 1 minuto e 45 segundos arranjos vocais femininos do mais delicado que alguma vez ouvira. Dava vontade de ficar a ouvir em loop por longos minutos, com umas teclas de piano “envergonhadas” a comporem um arranjo mítico. Avassalador e Arrasador.  Daí para a frente, andei para trás para descobrir a origem de toda esta comoção. E inevitavelmente deixei-me levar pelas “Suzanne” e “Marianne”, por “Who by fire”, ou pela primeira coisa que me veio à cabeça quando soube que Leonard Cohen tinha morrido: “Hey that’s no way to say goodbye”.

Mas também me lembrei do desafio lançado pelo título do último registo de estúdio editado há três semanas: “You want it darker”. Sim, queria mais. Essencialmente mais canções. Porque apesar das histórias que sustentam as melodias, estamos a falar de canções. Aliás se repararem, a palavra “songs” (canções) surge em um terço da discografia. Vou continuar a fazer, o que tenho feito nestas décadas; andar para trás e para a frente numa obra única. De resto, e citando a fantástica colectânea de versões-tributo editada em 1991, Leonard Cohen… “I’m your fan”.

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