"Espera-se do próximo líder do PSD que saiba explorar espaço vazio ao centro" - TVI

"Espera-se do próximo líder do PSD que saiba explorar espaço vazio ao centro"

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  • 6 out 2017, 00:23

Manuela Ferreira Leite, em comentário na TVI24, desmente encontro com Rui Rio e defende que o partido tem de se reposicionar, sob pena de lhe acontecer, a nível nacional, o mesmo que sucedeu em Lisboa

Manuela Ferreira Leite desmentiu, esta quinta-feira, ter estado reunida com Rui Rio na preparação da campanha para a presidência do PSD. No espaço de comentário na “21ª Hora”, da TVI24, a antiga líder social-democrata considerou que quem suceder a Pedro Passos Coelho tem uma grande oportunidade de cativar o eleitorado do centro, que “está vazio e à disposição de António Costa".

Foi-lhe colado [ao PSD] um rótulo de partido de direita, que eu acho que ele nunca foi, o que significa que o PSD atual está colado à direita e o PS atual está colado à esquerda. E, portanto, temos em centro vazio, que precisa de ser ocupado e, em termos democráticos, é essencial que ele seja ocupado”, defendeu a comentadora.

 

Aquilo que eu acho que se deve esperar do próximo líder do partido social-democrata é que saiba explorar esse espaço vazio, recuperar a ideologia originária do partido social-democrata e deixar aquilo que é direita para outros partidos. Porque se não, se assim não for, pode-nos acontecer a nível do país aquilo que nos aconteceu em Lisboa e que é haver um partido que absorva, porque não há ninguém para absorver o centro, absorva o partido que está mais à sua direita”, vaticinou.

Antes, Manuela Ferreira Leite tinha sido questionada sobre se esteve com Rui Rio e Paulo Rangel, dois possíveis candidatos à sucessão de Pedro Passos Coelho. Na resposta, a antiga ministra das Finanças limitou-se a "confirmar a amizade" que tem pelos dois.

Não falo sobre hipóteses. Tudo o que seja especulações, cenários, não é propriamente aquele campo onde me mexo", sublinhou.

A comentadora da TVI desmentiu ter estado reunida com Rui Rio na preparação da campanha para a presidência do PSD e lançou mesmo um desafio ao entrevistador.

“Eu achava que devia fazer essa pergunta a quem lho disse e, já agora, para ver o grau de profissionalismo, perguntava-lhe mesmo como é que eu estava vestida”, atirou.

Quanto ao anúncio de Pedro Passos Coelho de não se recandidatar, Manuela Ferreira Leite considerou que o líder do PSD "fez bem em não o ter feito naquela noite [eleitoral] em que seria uma reação a quente". 

"Penso que saiu com dignidade e tranquilidade e por isso era aquilo que era esperado", realçou.

Para Manuela Ferreira Leite não deixa de ser espantoso que a  "agitação que vai haver no PSD" seja algo que abale o país. 

"Abala muito os militantes, vai ser um momento de grande ansiedade em relação aos militantes, espera-se que o PSD se apresente de forma a constituir uma alternativa", disse, sublinhando que "o grande facto e aquilo que pode ter influência no atual Governo não é o PSD", mas sim a "derrocada da CDU".

O facto de a CDU ter perdido votos significa que "durante todo este período o PS capitalizou tudo, toda a situação económica e social que evolui nestes últimos tempos, e que a CDU perdeu pelo facto de estar coligado com o Governo e que o BE não ganhou nem tinha nada para perder", salientou. Ou seja: os partidos que apoiam o Governo não estão a "capitalizar o apoio que estão a dar ao Governo".

Pela composição do Orçamento iremos ver se há ali medidas que são verdadeiramente cedências aos partidos que apoiam o Governo ou se não. Se esse caminho por parte do PS é um caminho que cede às questões de natureza partidária ou aos interesses do país", afirmou.

Questionada sobre se António Costa está em condições de prescindir do apoio de um dos partidos, Manuela Ferreira Leite foi categórica: "António Costa não prescinde de nada, ele quere-os", sendo que é certo que Bloco de Esquerda e PCP "estão a perder pelo facto de estarem".

A antiga líder do PSD admitiu até que António Costa possa vir a separar-se de BE e PCP, mas se isso acontecer não será por vontade sua, mas sim por aqueles partidos quererem abandonar a atual solução governativa.

"Se o PS ficar sozinho é porque eles se foram embora, não porque Costa os abandonou", rematou. 

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