“Ministros das Finanças e Economia são de enorme crédito” - TVI

“Ministros das Finanças e Economia são de enorme crédito”

    Manuela Ferreira Leite

Comentadora da TVI24, Manuela Ferreira Leite, elogia Mário Centeno e Manuel Caldeira Cabral e diz que António Costa tem de dar “apoio incondicional” ao titular das Finanças

Manuela Ferreira Leite não conhece muitos dos ministros de António Costa, mas não tem dúvidas de que os titulares das duas principais pastas, Finanças e Economia, respetivamente Mário Centeno e Manuel Caldeira Cabral, “são de um enorme crédito”.
 
“Em termos globais, não conheço muitas pessoas a não ser pelo currículo, mas julgo que os responsáveis mais visíveis, no caso dos ministros das Finanças e Economia são de um enorme crédito. O ministro das Finanças tem uma ideia muito concreta e é uma pessoa responsável. Dou-lhe mais que o benefício da dúvida”, afirmou a comentadora da TVI24, nesta quinta-feira, no seu espaço semanal no programa Política Mesmo.
 
Mas a ex-ministra das Finanças entende que não basta ter competência para o cargo. Na sua opinião, é necessário o “apoio incondicional” de António Costa, particularmente no caso de Mário Centeno.   
 
“Há uma coisa que ele precisa porque, provavelmente, não tem grande experiência política, julgo eu. Porque, uma coisa são as ideias que não tenho dúvidas de que são concretas, sérias e bem intencionadas, outra coisa é a sua atuação num Conselho de Ministros. Num Conselho de Ministros, [Mário Centeno] necessita em primeiro lugar de um apoio absolutamente incondicional do primeiro-ministro. Se o ministro das Finanças não tiver um apoio incondicional, sem nenhuma brecha do primeiro-ministro, terá muita dificuldade para levar a cabo a política financeira e orçamental que necessita, e isso, evidentemente, não é uma parte fácil. Mas esperemos que o primeiro-ministro, e esse sim tem experiência politica, saiba exatamente qual é o papel e o apoio que vai ter de dar ao ministro das Finanças”, perspetivou.
 

"Agora não há unhas para roer"


Para Manuela Ferreira Leite, a indicação de um Governo PS, com o apoio da esquerda, faz, também, do Parlamento o “centro de toda a decisão”.
 
“Pela primeira vez, a grande discussão política, o centro de toda a decisão vai ser muito a Assembleia da República, ao contrário do que acontecia normalmente, em que as coisas se passavam ao nível do Governo e depois iam à AR para uma discussão política mas era mais uma discussão a nível político e não propriamente de uma pessoa estar ali a roer as unhas a pensar no que ia acontecer. Agora não há unhas para roer. O resultado vai ser em termos de Assembleia. O centro da decisão é o Parlamento, muito mais do que o Conselho de Ministros”, destacou.

Sobre a tomada de posse do novo Governo e o discurso de Cavaco Silva, a comentadora admitiu que se tenha tratado de uma indicação “a contra-gosto”, mas lembrou que “se o Presidente da República, e este Presidente da República em concreto, lhe deu posse, significa que não arranjou outo argumento na Constituição para não lhe dar posse”.
 
Relativamente à possibilidade de poder, mais à frente, demitir o novo Governo, Manuela Ferreira Leite não acredita neste cenário.
 
“Se o Presidente demitisse este Governo, este Governo ficava em gestão e isso foi algo que ele abandonou. Não vejo com a composição e as propostas deste Governo que haja alguma coisa que ponha em causa os nossos compromissos internacionais e o equilíbrio das contas públicas”, observou.
 

"Ideia de ‘dá-me a mão e eu não dou’ não é própria da linguagem do PSD"


Quanto à crispação das últimas semanas entre os partidos da direita e da esquerda, a ex-ministra crê que, com a tomada de posse do Governo PS
, esse período chegou ao fim.
 
“Hoje [quinta-feira], esse ponto acabou e não há mais motivo para entrar nessa discussão. Houve o tempo da discussão partidária, agora é tempo de governar”, defendeu.
 
“Aquilo que todos desejamos é que o Governo governe bem. E tão desejável é que a oposição se oponha bem. A ideia de ‘dá-me a mão e eu não dou’ não é própria da linguagem do PSD, porque o PSD não é um partido de protesto, aspira a governar o país. É um partido que tem de mostrar que tem um projeto para o país. Não podem votar contra alguma coisa que é a bem do país e das populações”, argumentou.
 
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