«Onde acho que não esteve bem, não foi do facto de não querer ir ao Parlamento, foi de ter parecido para opinião pública que nunca falou no caso BES. Nunca falou em pormenores, mas falou no caso»
Marcelo Rebelo de Sousa aludia às declarações do Presidente da República, quando questionado pouco tempo antes da derrocada do GES e do BES disse que «o Banco de Portugal tem sido perentório, categórico, a afirmar que os portugueses podem confiar no BES, dado que as folgas de capital são mais do que suficientes para cobrir a exposição que o banco tem à parte não financeira, mesmo na situação mais adversa».
No entender do comentador da TVI, o chefe de Estado «tem de ter cuidado, não pode dizer agora que nunca falou». Até porque os portugueses acreditaram que tudo estaria bem com o banco naquela altura. «O presidente tem de ter muito cuidado com a comunicação, sobretudo a partir do momento em que começou a usar facebook», criando uma relação mais «íntima» com os cidadãos». «Tem de ter cuidado com o que disse no passado», reforçou ainda.
As declarações de Cavaco Silva, durante a semana, quando recusou prestar mais esclarecimentos sobre os contactos que teve com Ricardo Salgado, em março e maio de 2014, nomeadamente perante o Parlamento, na comissão de inquérito, criaram um eco que, para o professor, mostra que «já estamos em campanha eleitoral».
«O PS pegou nos encontros, falou na carta entregue ao governador e, de repente, quando isso foi repetido, quis saber porque é que houve e o que se dizia na carta, que já era conhecida», ilustrou.
«O Presidente da República não deve responder perante o Parlamento. Perante a nossa Constituição, não deve responde perante o Parlamento. O Governo é que tem», acrescentou. Passos Coelho, cuja audição foi requerida, «pode enviar por escrito» as suas respostas. «Honra lhe seja feita» é que fala «sempre» sobre o que lhe diz respeito, rematou.
Já sobre as reações, em Portugal, à vitória do Syriza nas eleições legislativas da Grécia, Marcelo Rebelo de Sousa disse que tanto Passos Coelho como António Costa «disparataram» sobre o assunto.
Marcelo Rebelo de Sousa não tem dúvidas de que os partidos já entraram em campanha eleitoral, «cedo demais»: «Não há paciência».
Sobre as acusações trocadas entre Ana Gomes e Paulo Portas sobre o caso dos submarinos, o professor entende que se trata de um confronto mais político do que jurídico.
Comentou, ainda, os maus resultados da prova dos professores (35% chumbou), assinalando que o ministro da Educação «quase gozou» com os erros.
Quanto às críticas do FMI sobre o abrandamento das reformas em Portugal, disse que, «em parte tem alguma razão», mas sobre o défice, por exemplo, «razão nenhuma».