Uma equipa de sucesso sabe perfeitamente o que tem a fazer, mostra ideias bem enraizadas, mas precisa também de improviso. Dá jeito ter alguém que, mesmo sabendo que existe um guião, não o declama literalmente.
Trata-se de uma audácia muito associada à juventude, o que só reforça a convicção de que Rafa Silva pode assumir este papel na Seleção Nacional. Mesmo sabendo que se trata do benjamim da equipa. O mais jovem do plantel escolhido por Paulo Bento e também aquele com menos experiência na equipa das quinas (uma internacionalização apenas).
Curiosamente foi esse jogo único pela Seleção, frente aos Camarões, que colocou em risco a presença no Mundial. Rafa não quis acreditar que a noite de estreia seria estragada por uma lesão muscular. Insistiu, ficou em campo até ao intervalo, mas isso só agravou o problema, condicionando o final de época no Sp. Braga.
A atitude terá pesado na convocatória de Paulo Bento, que tanto valor dá a quem se entrega de corpo e alma, mas justificar a chamada só com este aspeto é esquecer tudo aquilo que Rafa fez para justificar essa primeira internacionalização. Mais do que isso, é ignorar tudo aquilo que ele pode dar.
Perante a «crise de extremos» existente na Seleção, a inclusão de Rafa na convocatória torna-se lógica e natural. O jogador do Sp. Braga pode ser uma solução bem válida para as alas, e com um perfil diferente de Nani, Varela ou Vieirinha, capaz de aparecer também em espaços interiores.
Mas Rafa também pode assumir o estatuto de «número 10», e terá sido essa polivalência a carimbar o bilhete para o Brasil. Com Rúben Micael afastado das contas, é mesmo a única solução para este lugar em perigo de extinção. E ainda que a Seleção não utilize habitualmente um jogador com essas características, vale sempre a pena ter alguém com esse perfil. Nem que seja para plano B, lembrando que no tal jogo com os Camarões, em Leiria, Paulo Bento testou um 4x4x2 em losango.
É certo que a resposta não foi muito animadora, e a lesão não permitiu que se tirassem ilações sobre Rafa, mas esse esquema alternativo pode muito bem continuar na cabeça do selecionador. Até pela tal «crise de extremos», a solução pode passar por ter Ronaldo ao lado de um avançado mais fixo. E nesse caso Rafa encaixaria no apoio, a fechar o losango.
É certo que a resposta não foi muito animadora, e a lesão não permitiu que se tirassem ilações sobre Rafa, mas esse esquema alternativo pode muito bem continuar na cabeça do selecionador. Até pela tal «crise de extremos», a solução pode passar por ter Ronaldo ao lado de um avançado mais fixo. E nesse caso Rafa encaixaria no apoio, a fechar o losango.
«4x4x3» é um espaço de análise técnico-tática do jornalista Nuno Travassos. Siga-o no Twitter.