A declaração de estado de emergência pelo Presidente da República esta quinta-feira foi o ponto central do programa Circulatura do Quadrado.
Jorge Coelho acredita que a população portuguesa está a viver uma crise muito complexa em que a saúde está em causa. “Isso está a tornar aquilo que é a expectativa das pessoas de terem uma vida segura cada vez pior”, afirma o comentador.
Jorge Coelho admite ainda que o estado de emergência era inevitável, especialmente depois da expectativa criada em torno da situação em que o país se encontra.
Há a necessidade de se encontrarem soluções para os problemas que, aos olhos de todos, cada vez são mais complexos”, afirma.
A questão sobre se o estado de emergência foi declarado tardiamente não é relevante para Jorge Coelho que afirma que agora é o tempo de discutir o que é determinante.
O que hoje é determinante são as indecisões que existem sobre aquilo que significa o estado de emergência e aquilo que o Governo vai ter de definir relativamente àquilo que vai ser a vida do país”, afirma o comentador, sublinhando que este é um problema mais duradouro do que se pensava e “é preciso que as pessoas percebam que o estado de emergência não é uma vacina”.
Pacheco Pereira afirmou que tem muitas dúvidas se a decisão não é apenas uma resposta à opinião pública e se tem fundamentos técnicos.
Se houvesse um estado de super emergência estaríamos a reclamar por ele”, afirma, admitindo que a resistência do Governo antecipa o minimalismo das medidas tomadas nestes próximos quinze dias.
O comentador adiantou ainda que o estado de emergência vai afetar a vida de muitas pessoas que “parecem ser invisíveis para a comunicação social”
Há muita pobreza escondida e há muita dificuldade na mobilidade de um setor de pessoas que podem ver-se agora numa situação em que estão sozinhas. Quanto mais se dificulta a mobilidade mais se piora a vida destas pessoas”, afirma.
Pacheco Pereira adianta ainda que a pandemia não é uma guerra, é um fenómeno natural e a frequente utilização de expressões bélicas não ajuda a compreender o processo do funcionamento da natureza.
A humanidade convive com os vírus e com as bactérias desde o início dos tempos”, explica o comentador.
Já António Lobo Xavier afirma que o estado de emergência foi decretado numa altura oportuna e que a opinião pública não é algo que se possa ignorar neste tipo de decisões.
Há uma angústia dos portugueses relativamente às medidas e uma grande ansiedade sobre a ação das autoridades. Agora era muito difícil dizer que o estado de emergência não seria decretado”, afirma, explicando que é preciso dotar o Governo de ferramentas adicionais para responder à questão sanitária e há necessidade do funcionamento da economia.
Lobo Xavier admite ainda que, tendo em conta o tempo que vai demorar até que a pandemia seja controlada, não é possível realisticamente confiar no civismo, especialmente em períodos longos de crise em que não temos experiência.