"Covid-19 não vai ser um pico e depois vem descer por aí a baixo: vai ser um planalto" - TVI

"Covid-19 não vai ser um pico e depois vem descer por aí a baixo: vai ser um planalto"

    Miguel Sousa Tavares
  • AM
  • 30 mar 2020, 23:02

No Jornal das 8, Pedro Pinto e Miguel Sousa Tavares entrevistaram Miguel Soares, especialista em doenças infecciosas, sobre a pandemia que afeta o mundo

Miguel Soares, especialista em doenças infecciosas, esteve no Jornal das 8, onde foi entrevistado por Pedro Pinto e Miguel Sousa Tavares. Segundo o cientista, os portugueses devem ter um "enorme orgulho" do que está a ser conseguido "como Nação" na batalha contra a pandemia.

"Temos menos subida de casos. Devemos ter um enorme orgulho no que estamos a conseguir como nação. Estamos só no início deste processo e este não é um tempo de lutas", afirmou Miguel Soares.

Para o especialista, o uso de máscaras pode ajudar na contenção na doença e explica porque é que países como a China e o Japão dizem que a Europa está a ser imprudente em não decretar o usos de máscaras para toda a gente.

"Nós continuamos a não saber quem está infetado e quem não está infetado. E continuamos a não saber porque não conseguimos testar todas as pessoas e vamos ter de conseguir. Quem está infetado tem de ir de quarentena, quem não está infetado continua a circular. Vamos ter de desenvolver testes que nos permitam saber os que já foram infetados (...) e quem tem o vírus. A história das máscaras tem a ver com isso. (...) As máscaras são essencialmente importantes para impedirem a infeção. Portanto, protegem-nos de infetar os outros e como não sabemos quem é que está infetado e quem é que não está infetado, temos que assumir que estamos infetados. Porque é que temos de assumir que estamos infetados? Porque sabemos com dados científicos que vêm da China que mais de 85% de pessoas que estão infetadas não sabem que estão infetadas e estão a transmitir", explicou. 

Questionado por Miguel Sousa Tavares sobre a mudança da data prevista para o pico da pandemia para Portugal, Miguel Soares lembrou que a DGS está a ser aconselhada "por cientistas de alto gabarito" que tem capacidade epidemiológica para "projetar quando é que vamos ter o máximo de pessoas a entrar pelo SNS". 

"Baseado nos dados que eles estão a obter, essa projeção é exatamente o pico. O pico quer dizer o quê: quer dizer quando é que vai haver o máximo. O pico infelizmente não é como o pico do Evereste que é uma coisa que sobe e desce. Provavelmente com o esforço que estamos a fazer como Nação, vamos tornar esse pico no que nós chamamos num planalto e isso também quer dizer uma coisa. Quer dizer que vamos ter capacidade de endurance, de aguentar, porque não vai ser um pico e depois vamos descer daí para baixo".

Segundo o cientista, o que vai ser conseguido é uma entrada de doentes “faseada” nas urgências dos hospitais de forma a não sobrecarregar o sistema de Nacional de Saúde. 

O novo coronavírus, responsável pela pandemia da covid-19, já infetou mais de 750 mil pessoas em todo o mundo, das quais morreram mais de 36 mil. Dos casos de infeção, pelo menos 148.500 são considerados curados.

Depois de surgir na China, em dezembro, o surto espalhou-se por todo o mundo, o que levou a Organização Mundial da Saúde (OMS) a declarar uma situação de pandemia.

Em Portugal, segundo o balanço feito hoje pela Direção-Geral da Saúde, registaram-se 140 mortes e 6.408 casos de infeções confirmadas. Dos infetados, 571 estão internados, 164 dos quais em unidades de cuidados intensivos, e há 43 doentes que já recuperaram.

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