Paulo Portas analisou, esta semana, no seu programa “Global" no Jornal das 8 da TVI, a crise política na Venezuela, o Brexit, o crescimento dos partidos populistas na Europa e a crise entre China e os EUA. O comentador da TVI falou ainda sobre a economia americana e o novo filme de Clint Eastwood
Falando sobre a situação política na Venezuela, Paulo Portas considerou que a estratégia internacional de Juan Guaidó está a funcionar até porque o presidente interino tem sido "mais eficaz a dividir os que apoiam Maduro do que Maduro a dividir os que apoiam a oposição".
Que a maioria da população quer uma mudança de Governo, não há duvida nenhuma, ficou novamente à vista. Que o bolivarianismo/chavismo/madurismo têm ainda alguma base de apoio também já sabíamos. O que é que esta semana mostrou? Que a estratégia internacional do líder da oposição está a funcionar. Em princípio a partir de amanhã haverá mais reconhecimentos que pode chegar ao número de países que excede os 50. A maioria dos países europeus irá para o reconhecimento. Até agora Guaidó foi mais eficaz a dividir os que apoiam Maduro do que Maduro a dividir os que apoiam a oposição e nem sempre foi assim no passado".
Para Paulo Portas, a posição "mais relevante" perante a Venezuela "é o movimento feito pela China".
"A China declarou que está a fazer contactos com todas as partes. Não se meteu na questão de reconhecimento, mas isto significa, obviamente, preparar o futuro".
Já em relação à Europa, o comentador da TVI diz que "a Europa tropeçou nas próprias contradições e houve um grupo de quatro países - Grécia, Itália, Eslováquia e Áustria, populistas de direita e populistas de esquerda – que bloquearam o reconhecimento".
Quanto a Portugal, Paulo Portas considera que "o ministro da Defesa falou demais" e que os planos de contingência têm de ser secretos.
"É certo que ele não disse o que dizem que ele quis dizer, mas disse o suficiente para que possam dizer que ele disse uma coisa que ele não quis dizer. Estas coisas são muito delicadas quando estamos a falar de estados soberanos e os planos de contingência, por natureza, em situações destas, tem de ser secretos."
O antigo líder do CDS-PP lembrou ainda que, perante a queda da produção de petróleo, a taxa de pobreza no país "está a disparar: muito mais de metade da população está em pobreza ou pobreza extrema".
"E fica a vista uma coisa: o maior inimigo de um pobre chama-se inflação porque o pouco rendimento que tem é devorado para uma inflação completamente descontrolada".
Brexit
Paulo Portas analisou também o que aconteceu no Reino Unido com as várias votações do Brexit e considerou que "as votações mostraram May mais forte do que alguns supunham e Corbyn, líder da oposição, mais frágil do que alguns gostariam.
Para o comentador da TVI, apesar das votações desta semana, o Reino Unido parece mais próximo Brexit sem acordo.
"Amanhã estaremos a 53 dias da data em que o Big Ben diz 'acabou, o Reino Unido sai', estamos sem acordo porque o Parlamento não votou o acordo que May fez, e portanto estamos de um Brexit sem acordo. O que cria imensos problemas", alerta Paulo Portas, lembrando os jovens em Erasmus, por exemplo.
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