Paulo Rangel considera que “o braço-de-ferro” entre o Governo e a Comissão Europeia por causa do Orçamento do Estado de 2016 afetou a credibilidade externa do país e que vem aí um "período de grande incerteza". No programa Prova dos 9, esta quinta-feira, na TVI24, o social-democrata foi mais longe, sublinhando que os portugueses "vão pagar a fatura". Rangel lembrou o percurso do Governo de José Sócrates e frisou que não exclui a hipótese de um novo resgate.
“Estamos a criar uma situação de instabilidade e de incerteza para os portugueses. [...] Vamos ter instabilidade económica, instabilidade financeira e um período de grande incerteza. Ao fim, os portugueses vão pagar a fatura. Mas nós já vimos isto. Isto é a reedição do percurso do Engenheiro Sócrates. [...] Penso que poderá acabar num resgate. Não excluo essa hipótese.”
O eurodeputado salientou que o Executivo de António Costa deveria ter evitado o impacto na credibilidade externa do país, atirando que a mesma vai “ter consequências para as famílias”.
“Acho que o Governo podia não nos ter submetido a esta situação porque criou uma grande desconfiança na credibilidade externa de Portugal. Mesmo que fosse para uma bravata interna isso tem um efeito externo muito negativo. Acho que esse braço-de-ferro não trouxe boas notícias para Portugal.”
Pedro Silva Pereira, por oposição, mostrou-se confiante de que o orçamento vai ser aprovado e sublinhou que o Governo de António Costa “está à beira de conseguir um importante sucesso negocial” com a sua viabilização.
O socialista vincou que o documento do Governo prova que “vale a pena bater o pé em Bruxelas”. Para Pedro Silva Pereira esta é a primeira verdade inconveniente que o orçamento traz ao PSD e ao CDS. Há outras duas: a segunda é que “afinal aprece que é possível uma alternativa de politica orçamental que permita cumprir as regras e pagar os salários, as pensões eliminar a sobretaxa”; a terceira é que “se vale a pena um governo que bata o pé, então é porque foi uma boa ideia mudar de governo.”
Já o fundador do BE Fernando Rosas entende que a viabilização do Orçamento é uma “questão política” e que a União Europeia “quer fazer dobrar a política deste governo para que não tenha sucesso”. O bloquista vincou que é preciso mudar a "estratégia autoritária" europeia e que isso passa por uma alteração na correlação de forças.
"A União Europeia quer fazer dobrar a política deste Governo. Eles estão a fazer o impossível para que este Governo não tenha sucesso.”