“É verdadeiramente inesperado que a balburdia no Governo tenha começado pela Educação. (…) É inesperado porque achava que havia um mínimo de cuidado quando se mexesse na Educação. (…) Não há ministro que entre e que não introduza alterações: é nos programas, é nos horários, é nos exames. Todos os ministros têm feito, mas todos estão de acordo em que é necessário uma estabilidade mínima no sistema educativo (…)”, afirmou.
Para Manuela Ferreira Leite, no sistema educativo não se podem tomar medidas no meio do ano que implicam com o funcionamento desse ano letivo.
“Eu acho que o ministro interrompeu a meio do ano um processo que estava montado com outro objetivo. Portanto estragou tudo: estragou o anterior e estragou o futuro. E não se pode fazer assim de repente, sem falar com as pessoas, sem ponderar, sem analisar”, defendeu.
Sobre a opinião do ministro da Educação, que deixou claro que considerava os exames como algo de nocivo para a aprendizagem das próprias crianças, a comentadora preferiu não entrar nessa discussão por considerar que há opiniões para todos gostos na matéria.
“Fui ministra da Educação, também alterei situações nessas áreas, mas não é isso que eu vou discutir. (…) Acho que o ministro da Educação nunca poderá dizer que há uma prova que é nociva para os alunos. (…) Eu acho que ele nem percebeu bem a palavra que utilizou porque “nocivo” quer dizer que os professores, os dirigentes, os políticos, os pais, as organizações escolares fazem mal aos alunos”, referiu.
Confrontada com a ideia de Tiago Brandão Rodrigues de que os exames estavam a destruir o que é suposto ser o sistema educativo, já que as escolas tinham deixado de ensinar e passaram a treinar os alunos para os exames, Manuela Ferreira Leite considerou que a ideia de acabar com a cultura da nota é “bastante criticável”.
“Em qualquer lado, a competir com outros para desempenhar determinado tipo de tarefa, se não há cultura da nota há, se calhar, a cultura da cunha, o que eu acho que não é suscetível de alguém defender”, concluiu.
No mesmo programa, Manuela Ferreira Leite criticou o aumento da carga horária das 35 para as 40 horas semanais impostas pelo anterior Governo do PSD/CDS-PP, mas explicou por que discorda também da forma como o atual Executivo PS quer reverter a medida.
Manuela Ferreira Leite aproveitou também para dizer que considera despropositado o anúncio da greve dos sindicatos da Função Pública."A realidade agora é outra, estava preparada para as 40 horas (...). A passagem (para as 35 horas) tem um ónus orçamental", explicou a comentadora.