«Grécia não tem capacidade de cumprir as medidas propostas» - TVI

«Grécia não tem capacidade de cumprir as medidas propostas»

Eurodeputado do PSD, Carlos Coelho, considera que as medidas do novo Governo grego são irrealistas e sinónimo de «fantasia». Opinião deixada no debate com as eurodeputadas Marisa Matias, do BE, e Maria João Rodrigues, do PS, no programa «Política Mesmo» da TVI24

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O eurodeputado do PSD, Carlos Coelho, considera que as promessas eleitorais do novo governo grego são inconcebíveis para um país que está em recessão, e que as medidas propostas podem levar o país à bancarrota.
 
No programa «Política Mesmo» da TVI24, Carlos Coelho, em debate com as eurodeputadas Marisa Matias, do BE, e Maria João Rodrigues, do PS, deixou claro que o programa do Syriza é caro demais, e demonstra alguma «irracionalidade.
 

«Acho notável que um país com as dificuldades que a Grécia tem anuncie logo a seguir à vitória eleitoral subir o ordenado mínimo de 580 para 750€, dar um 13º mês a todos os pensionistas que têm até 700 euros de pensão e subir o nível de taxação de 5 mil para 12 mil euros. (…) De acordo com as contas do economista do Syriza que ajudou a fazer estas medidas custam por ano 12 mil milhões de euros. [Ele explicou onde é que vai buscar este dinheiro]: vai buscar 6 mil milhões a fundos comunitários, (…) 3 mil milhões à otimização da luta contra a fraude, e depois o mais notável, quando lhe perguntam onde [vão buscar os outros três mil milhões, ele responde] “três mil milhões é fácil, se só sobra isso, nós vamos encontrar”. É com esta irracionalidade que o Syriza está a encontrar forma de resolver os problemas nacionais».

 
Para o eurodeputado só existem duas saídas:
 

«A minha opinião é muito simples. Ou o Syriza cumpre as promessas eleitorais e leva a Grécia à bancarrota, ou a Grécia vai honrar os seus compromissos e vai trair as suas promessas eleitorais. Não é possível conciliar os dois».

 
Já a eurodeputada do Bloco de Esquera, Marisa Matias, considera que em democracia é preciso aceitar a vontade dos eleitores e que a resposta passa por esforços coletivos para colocar as economias a crescer.
 

«Nós precisamos é de pôr as economias a crescer. Mas como se não nos libertamos deste garrote da dívida? Se não há um esforço coletivo para permitir, por exemplo que o Banco Central Europeu possa emprestar diretamente financiamento aos Estados. (…) A cada instrumento que se soma na União Económica e Monetária deixa-se sempre de lado o social e, além disso, agravam-se as desigualdades entre as economias periféricas e do centro [da Europa]»

 
Para Marisa Matias, apesar do programa arrojado do Syriza, esta é a vontade do povo grego, e em democracia isso tem de ser levado em conta. No entanto, para Carlos Coelho, as promessas eleitorais do novo Governo grego são pura «fantasia».
 

«Eles não têm nenhuma capacidade [de cumprir as medidas propostas] da forma que está a economia grega. (…) Talvez tenha sido a inexperiência governativa, eles arrojaram-se em promessas que não tinham condições para pagar. O que não podem dizer é: “porque tenho um mandato democrático, os portugueses, os franceses, os ingleses, os alemães, todos os outros vão pagar as minhas promessas”»
 

Para a deputada do PS, Maria João Rodrigues, eventualmente a Grécia vai ter de recuar nas suas promessas, ou pelo menos retarda-las.
 

«Nós vamos viver uns dias e umas semanas em que eventualmente o novo governo grego vai ter de recuar nalgumas pretensões que tinha, (…) ou pelo menos retardando promessas eleitorais. Acho que há uma que era de execução imediata, e estou plenamente de acordo, que é pessoas que estejam no desemprego devem ter acesso ao serviço nacional de saúde. Quanto ao aumento de salários tenho as minhas dúvidas… O que me parece óbvio é que vai ter que haver cedências dos parceiros da zona euro, para um ponto mais equilibrado».

 
Carlos Coelho vê, ainda, outro problema em volta do novo Executivo, nomeadamente, a coligação com o partido de direita «Gregos Independentes». Uma «união» que o deputado social-democrata julga que seria impossível de concretizar em Portugal, mesmo para o Bloco de Esquerda.
 

«Não acredito que o Bloco de Esquerda entrasse numa coligação com o PNR português ou com outro partido à direita do CDS. Não acredito. (…) Não há nenhuma razão para estes partidos estarem juntos».

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