Passos falou do futuro "sem dizer qual era o futuro" - TVI

Passos falou do futuro "sem dizer qual era o futuro"

    Manuela Ferreira Leite

Comentário de Manuela Ferreira Leite no programa “Política Mesmo” da TVI24

Manuela Ferreira Leite comentou, no programa “Política Mesmo” da TVI24, a entrevista de Pedro Passos Coelho à TVI.

Considerando que a entrevista desta quinta-feira não foi “muito diferente da entrevista que deu há duas semanas”, a comentadora afirmou que, no entanto, não gostou “de algumas respostas”.

“[O primeiro-ministro] É uma pessoa que fala bem, que conhece os dossiers, que conhece os problemas, que tem a sua ideia muito determinada... Mas houve certas perguntas que eu não gostei da resposta", afirmou Ferreira Leite, tendo ainda acrescentado que "o primeiro-ministro mantém-se absolutamente fiel a manter-se a uma política que tem estado a ser seguida sem nenhuma alteração".


Relembrando a pergunta de Armanda Gonçalves, a pensionista que questionou Passos sobre que mal lhe fizeram os pensionistas, Manuela Ferreira Leite diz que Passos falou do futuro "sem dizer qual era o futuro". “Não diz porque é que as pessoas atualmente foram tratadas de determinada maneira”.

“Há uma percentagem enorme de pessoas que não foram afetadas no corte de pensões. (…) Mas esses mais pobres e essas pensões que não foram afetadas são aquelas pensões que para as quais as pessoas não contribuíram. Portanto, são aquelas pensões atribuídas pós 25 de abril e que foi dada uma pensão mínima a toda a gente e para as quais as pessoas não descontaram nunca. E portanto são pagas pela generalidade das pessoas. Não é sobre essas que se fala”.


Manuela Ferreira Leite questionou ainda “onde estão os sintomas de crescimento da economia”
de que Passos fala, uma vez que não foram apresentados exemplos.

"O crescimento não se vê do ponto de vista material. Não é um fantasma que aparece e nós localizar, olha lá está ele e está a avançar. O crescimento é algo que há-de surgir a propósito de quaisquer sintomas da economia."


Apesar de ter desgostado de algumas respostas do primeiro-ministro, Manuela Ferreira Leite diz que Passos Coelho foi bastante “corajoso” ao admitir que não promete baixar o IVA da restauração. No entanto, afirma que não concorda com a resposta do primeiro-ministro, porque "mesmo que as pessoas continuassem a ir aos restaurantes, o que os restaurantes não aguentavam não era a falta de pessoal a comer."

"O que não aguentavam era a falta de lucro para conseguirem absorver um aumento de 23% quando não podiam repercuti-lo nas refeições porque senão, obviamente, as pessoas deixavam de lá ir".


As declarações de Cavaco Silva


Manuela Ferreira Leite comentou ainda as declarações de Cavaco Silva sobre as legislativas. Para a comentadora da TVI, o presidente da República quis alertar os partidos para o tipo de campanha eleitoral que vão fazer e “em momento nenhum” disse “que não dá posse a Governo minoritário”.

"Ouvi mais do que uma vez a declaração do Presidente da República. Em momento nenhum o PR diz que não dá posse a Governo minoritário. Eu depreendo o contrário: culpa os partidos, diz que é uma responsabilidade dos partidos a eleição de um governo estável ou não estável” afirmou, acrescentando: “o que ele diz é: tomem cuidado com a campanha que fazem porque podem vir a precisar uns dos outros".


A ex-presidente do PSD considerou ainda normal que Passos Coelho tenha corroborado a ideia de maioria absoluta defendida por Cavaco Silva.

Já sobre a dívida da Grécia, Ferreira Leite diz que o “primeiro-ministro não desmentiu que Portugal, Espanha e Irlanda não estiveram de acordo que neste momento se discutisse a dívida”.

“Não duvido. Acredito que o PM disse isso porque considera que é do interesse do país que não se discuta neste momento", afirma Manuela Ferreira Leite.


A ex-líder do PSD disse ainda que o que "gostaria de saber é qual é o motivo que leva a que o país não tenha interesse a que o país não tenha interesse em discutir a reestruturação da dívida
, seja da Grécia, seja de onde for. Porque esse não é um problema só da Grécia. É um problema nosso. Vai ser um problema de outros países da Europa. (…) Acho que é do maior dos interesses para o país discutir-se o problema da dívida".
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