«O PS apresenta-se não como uma alternativa, mas como alternância» - TVI

«O PS apresenta-se não como uma alternativa, mas como alternância»

Constança Cunha e Sá classificou de «erro» as declarações de António Costa sobre o retrato do país diante de investidores chineses. Constança Cunha e Sá considera que a frase «é um sinal que algo não está bem no interior do partido socialista»

A comentadora da TVI Constança Cunha e Sá considera que as declarações de António Costa sobre a situação do país, diante de investidores chineses, foram um erro: «Obviamente que foi um erro. Tanto foi um erro que deu esta polémica toda».
 
O líder do Partido Socialista disse, diante de uma plateia de investidores chineses, nas comemorações do Ano da Cabra, que Portugal venceu a crise e está «numa situação bastante diferente do que estava há quatro anos» quando eram os socialistas no poder. 
 
A comentadora da TVI disse compreender que «um presidente da Câmara faça um retrato mais animador do país aos investidores», mas diz que «é complicado para um líder da oposição dizer que o país está melhor do que estava há quatro anos. É claro q ele não disse está melhor, disse está diferente…».
 
«Isto é uma gafe ou é um sinal que algo não está bem no interior do partido socialista? Eu inclino-me mais para a segunda hipótese», acrescentou Constança Cunha e Sá.
 
«António Costa espera ganhar as eleições, deixando Pedro Passos Coelho perder as eleições. (…) É muito difícil alguém ganhar eleições sem apresentar propostas», alertou, sublinhando que, «ao contrário do que estava previsto, o PS não descolou nas sondagens com António Costa».
 
Constança Cunha e Sá criticou a falta de uma posição firme de António Costa em relação a certos temas. «Posso perceber que ele diga que tem de levar em linha de conta as circunstâncias internacionais. (…) Mas para isso ele tem de apresentar qual é a sua visão nomeadamente das circunstâncias internacionais. E nisso ele é extremamente ziguezagueante, mesmo em relação ao Syrisa, primeiro foi uma reação mais eufórica, depois terminou a dizer que estas últimas semanas provavam que não se podia apresentar propostas internacionais. Quer dizer isto o quê? Que o PS não vai apresentar propostas unilaterais? Que vai discutir o seu programa eleitoral com a troika ou com as instituições europeias?», questionou.
 
«O problema é que o Partido Socialista depois apresenta-se não como uma alternativa, mas como uma alternância. Pode parecer um bocadinho menos subserviente. Acredito que não façam a figura que fez Maria Luís Albuquerque, que andou aí a exibir-se com o ministro das Finanças alemão, acredito que seja um bocadinho mais habilidoso, mas é uma questão de grau», disse.
 
 
Constança Cunha e Sá lembra que o secretário-geral do PS «reconhece em relação à Grécia, são as instituições europeias que determinam a política interna» e que isso lhe tira «muita margem de manobra para se apresentar como alternativa a Pedro Passos Coelho».
 
«Se ele reconhece que são as instituições europeias que determinam o futuro e a política do país, no fundo está a dizer que vai negociar com eles e já se viu, com o caso grego que negociar com aquela gente não é fácil», advertiu.
 
«António Costa é extremamente ambíguo. Não há uma palavra sobre a dívida, não há uma palavra sobre as privatizações… (…) Por isso é que esta frase assumiu as proporções que assumiu», considerou.
 
A comentadora da TVI falou ainda dos relatórios europeus sobre a economia portuguesa, que colocam Portugal sob monitorização e da reação dos responsáveis políticos portugueses.  O Governo alegou esta quinta-feira que os desequilíbrios económicos apontados pela Comissão Europeia a Portugal  «são chagas que vêm de trás».
 
«Houve chagas que aumentaram e duplicaram nestes três anos e tal», considerou.
  
«Que futuro é que este país tem quando temos uma em cada quatro crianças em situação de pobreza? É evidente que são chagas do passado, o país sempre foi pobre, mas é claro que há aqui um pouco que a austeridade acentuou», sublinhou.
 
Sobre a situação da Grécia, Constança Cunha e Sá considerou que a luta está longe do fim: Não terminou agora com este acordo, vai haver uma luta absurda, nos próximos quatro meses entre o governo grego e nomeadamente o governo alemão».
 
«Parece-me que se exagerou no acordo que foi imposto à Grécia», resumiu.
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