Global: “Nem quero acreditar que o ministro tenha dito que vai acabar com as restrições nos transportes públicos” - TVI

Global: “Nem quero acreditar que o ministro tenha dito que vai acabar com as restrições nos transportes públicos”

    Paulo Portas

Paulo Portas comentou a situação da pandemia de Covid-19 em Portugal, no espaço que assina no Jornal das 8 da TVI, aos domingos. O comentador falou ainda do acordo de recuperação europeu e dos dados mais recentes do PORDATA

O comentador da TVI, Paulo Portas, analisou este domingo, no espaço “Global”, no Jornal das 8 da TVI, a evolução da pandemia de Covid-19 em Portugal e no mundo. O comentador abordou ainda o acordo de recuperação europeu, alcançado esta semana em Bruxelas, entre outros temas.

Paulo Portas considera que Portugal deve tirar lições do desconfinamento, para as poder aplicar numa eventual segunda vaga que possa surgir no outono.

A única coisa que fica desta derrapagem que tivemos no desconfinamento, por falta de controlo, é que, se em outubro ou no outono, houver uma segunda vaga, associada à gripe normal, não podemos gerir o assunto como gerimos o desconfinamento, do ponto de vista da saúde pública e das cautelas.”

O comentador diz que é necessário começar a preparar essa segunda vaga já e critica as declarações do ministro das Infraestruturas, Pedro Nuno Santos:  

Nem quero acreditar que o ministro das Infraestruturas tenha dito que, como não consegue controlar os transportes públicos, vai acabar com as restrições nos transportes públicos. É a mesma coisa que dizer: ‘Eu tenho um problema, como não consigo resolvê-lo, acabo com o problema por decreto’. Obviamente há soluções. Não são as ideais, mas são soluções que se preparam agora. Obviamente que não se pode acabar com as restrições nos transportes públicos.”

Nessa altura, as crianças estarão nas escolas e, em princípio, a administração pública volta aos locais de trabalho, aquela que não está a fazê-lo ainda”, lembra.

O comentador sublinha que Portugal melhorou no controlo da pandemia, “o que quer dizer que temos um grau de controlo maior dos focos da pandemia”.

Quem está a subir muito (…) é Espanha, onde hoje se descobriu que o número de mortos é 60% maior do que aquele que é oficialmente declarado. Isto devia ser uma lição para os entusiastas da regionalização em Portugal. Eles não se conseguem entender, entre Governo Central e Regiões, nem para a forma de contabilizar fatalidades ou contágios.”

Acordo “indiscutivelmente vantajoso para Portugal e para a Europa”

O comentador da TVI considerou que o acordo alcançado esta semana em Bruxelas, para fazer face à pandemia, “foi indiscutivelmente vantajoso para Portugal e para a Europa”. “Para Portugal era essencial que o acordo fosse aprovado, dadas as dificuldades que vamos ter e, para a Europa, era fundamental dar um sinal de ambição, num mundo excessivamente polarizado entre os Estados Unidos e a China”, explicou.  

Paulo Portas lembra que, “pela primeira vez, em fundos europeus, há uma espécie de Conselho de Administração ou de fiscalização”.

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E acrescenta que os métodos encontrados por Angela Merkel e Emmanuel Macron “encontraram um método para todos os primeiros-ministros chegarem a casa e dizerem ‘ganhei’ (alguns), ‘ganhámos’ (outros), ‘todos ganharam’ (os mais realistas), ou até alguns com música e fanfarra, como foi o caso do primeiro-ministro espanhol, o que é um absurdo com 44 mil mortos nesta pandemia.”

“Sem imigração seríamos menos de 10 milhões”

O comentador analisou ainda aquilo que apelidou de “retrato de Portugal do mundo antigo, do último ano de Portugal no mundo antigo”: “[O retrato] de como era Portugal em 2019 – o PRODATA 2020.”

Sem imigração, seríamos menos de 10 milhões. O número de estrangeiros em Portugal é de 6%, muito aquém de outros países. O saldo migratório (a diferença entre os que vão e os que vêm) compensa o facto de termos mais mortes do que nascimentos”, analisou.

Os casamentos civis são mais do dobro dos casamentos católicos e mais de 57% das crianças nascem fora de um casamento, seja ele civil ou católico. As famílias monoparentais já são 11% das famílias portuguesas e é um fenómeno essencialmente feminino”, acrescentou.

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