"Não se espera que a toda a hora haja um acordo, isto não é uma geringonça" - TVI

"Não se espera que a toda a hora haja um acordo, isto não é uma geringonça"

    Manuela Ferreira Leite
  • AM
  • 19 abr 2018, 22:54

A opinião de Manuela Ferreira Leite sobre o acordo assinado pelo PS e PSD

Manuela Ferreira Leite considera "fundamentais" os acordos como o que foi assinado, esta quarta-feira, por António Costa e Rui Rio. No seu espaço de opinião na TVI24, a antiga ministra das Finanças afirmou ainda que estes tipos de acordos fazem falta ao país.

“São [acordos] fundamentais e está há muito tempo a faltar isso ao país, porque nós estamos muito habituados aos problemas de curto prazo, aos fait divers, às táticas partidárias. Está sempre toda a gente à espera de ver uma falha qualquer – no Governo ou na oposição, consoante o partido – para lhe cair em cima, para o criticar".

Para a comentadora da TVI24, os portugueses podem até já estar "um bocado fartas disso, mas independentemente de até gostarem muito, é algo que não tem nenhum valor acrescentado para o bem-estar, crescimento e desenvolvimento do país".

Estes acordos, diz Manuela Ferreira Leite, são uma "forma diferente de fazer política" que não agradará a todos, principalmente aos tifosis do PSD, mas que combina com o discurso que Rui Rio sempre fez.

"Aquilo que o Rui Rio diz eu acho que o faz com alguma coragem, exatamente porque não tem um apoio generalizado dessa forma de fazer política. Acho que mostra que tem coragem, que tem confiança no país e que pensa fundamentalmente no país. Que foi um discurso que ele sempre fez e que concretiza".

Quanto aos acordos, a antiga líder do PSD lembra ainda que é preciso ter em conta que "não se espera que a toda a hora haja um acordo", até porque estes não são feitos para aspetos de "curto prazo".

"Ninguém diz, como é evidente, que há acordos [a todo o momento]. Há para aqueles aspetos fundamentais que são de longo prazo e não de curto prazo. E portanto, é evidente que não se espera que a toda a hora haja um acordo. Há para aqueles aspetos que duram mais do que uma legislatura e que não podem estar sempre no para arranca, que vem para trás, anda para a frente e vai para o lado. E portanto, é isso que está em causa".

Manuela Ferreira Leite reiterou ainda que para as "negociações diárias" o país já tem "uma geringonça" e que este tipo de situações são essenciais para que o país saia do para arranca e beneficie da estabilidade entre partidos.

"Isto não é uma geringonça, isto é algo que é bom que cheguem a acordo aqueles partidos que podem vir a ser Governo e que são fundamentais no arco do poder, muitas das decisões não podem ser tomadas sem maiorias no Parlamento, e portanto é absolutamente fundamental". 

Os acordos entre o Governo e o PSD foram assinados, na quarta-feira, no Palácio de São Bento, em Lisboa, pelo primeiro-ministro, António Costa, e pelo presidente do PSD, Rui Rio.

Nesse âmbito está prevista a constituição de uma Comissão Independente para a Descentralização, para estabelecer as linhas da reforma do Estado ao nível regional, metropolitano e intermunicipal, até julho de 2019.

Na “declaração conjunta sobre descentralização”, subscrita na presença do primeiro-ministro e do presidente do PSD, está previsto que, até julho de 2019, deverão promover-se estudos aprofundados” por universidades com reconhecida competência na investigação “de políticas públicas e a organização e funções do Estado, aos níveis regional, metropolitano e intermunicipal”.

A comissão independente deverá apresentar, com base nos estudos e no debate com as diversas entidades, os “anteprojetos de diplomas que serão referencial para iniciativas legislativas subsequentes”.

Continue a ler esta notícia