P.S. (Para Seguir) é um espaço assinado pelo jornalista Nuno Travassos, que pretende destacar jogadores até aos 21 anos.
Depois do benfiquista Tiago Dantas, a anunciada trilogia do talento nacional segue com outro protagonista: Daniel Bragança, o jovem médio recentemente cedido pelo Sporting ao Farense.
Com lugar reservado no quadro de figuras da edição inaugural da Liga Revelação (20 jogos / 5 golos), Daniel “exigiu” o salto para uma realidade competitiva mais desafiante, e a mudança para o mítico Estádio São Luís, proporcionada pelo regresso de Ryan Gauld à Escócia, promete beneficiar o crescimento desta promessa leonina.
Natural de Fazendas de Almeirim, Daniel Bragança começou a jogar na escola Footkart, mas já está no Sporting desde 2007. Acaba de renovar contrato até 2023, com uma cláusula de rescisão de 45 milhões de euros.
Bragança, de apenas 19 anos, é um daqueles esquerdinos com olhos no pé. Parece capaz de colocar a bola onde bem entende, e ainda por cima parece entender bem onde deve colocar a bola (o que é tão ou mais importante).
A canhota refinada revela ainda uma influência na cobrança de bolas paradas que não é muito habitual em jogadores desta idade, e reforça uma comparação: Daniel Bragança tem características que fazem lembrar Hugo Viana, agora de regresso ao Sporting como diretor.
A jogar como médio interior o jovem ribatejano parece remeter-nos para o início de carreira do antigo internacional português. Pela capacidade para criar linhas de passe dentro do bloco defensivo contrário e depois, com verticalidade, lançar as unidades mais ofensivas; ou pela tendência para ajudar a criar situações de superioridade na ala, muitas vezes tirando proveito da precisão no cruzamento.
Quando joga mais recuado, como “segundo médio”, Daniel Bragança remete-nos para uma fase posterior do trajeto de Hugo Viana, nomeadamente com a camisola do Sp. Braga, época de uma comparação a um «quarterback» do futebol americano.
Daniel Bragança também já se destaca nesse papel de médio mais solto do «duplo pivot», talhado para assumir a construção de jogo em zonas recuadas, e influente tanto a encontrar linhas de passe na zona central como a tirar proveito do passe longo para fugir à concentração de jogadores adversários.
Tendo em conta a cultura tática que revela, o internacional sub-20 até pode ser visto como um potencial «6», se for trabalhado nesse sentido. Um projeto de Matic, eventualmente, capaz de conciliar a influência no processo de construção a uma cobertura ampla do processo defensivo.