Liga Conferência: Tottenham-P. Ferreira, 3-0 (crónica) - TVI

Liga Conferência: Tottenham-P. Ferreira, 3-0 (crónica)

Tottenham-P. Ferreira

Harry Kane gritou e o castor teve medo

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O Tottenham fez «buuuhhhh» e o Paços encolheu-se. Fechou os olhos e viu monstros sem cabeça e fantasmas de dentes em riste, quando do outro lado só estavam jogadores de futebol. Foi pena, porque os primeiros 20 minutos da segunda parte provaram que Londres não tinha só masmorras para visitar. 

No princípio de tudo esteve Harry Kane. O ponta-de-lança, sanguinário na área, capitalizou o medo pacense e empatou a eliminatória aos nove minutos, já depois de ter falhado isolado o 1-0 aos... 20 segundos. 

A primeira meia-hora dos homens de Jorge Simão foi penosa. Os ponteiros do Big Ben avançaram, segundo a segundo, como se em causa estivesse a contagem decrescente para o enterro do castor. E o castor trincou os dedos e tremeu de pavor. Não tinha de ser assim. 

O Paços jogou com três centrais e não defendeu melhor. Perdeu um dos médios (Luiz Carlos nem entrou) e foi incapaz de ter bola, ora por incapacidade, ora por temor, ora pela pressão fortíssima do milionário oponente. 

FICHA DE JOGO, AO MINUTO E VÍDEOS

O salário anual de Harry Kane daria para pagar o orçamento para a época do Paços. Não nos podemos esquecer que as diferenças existem e o dinheiro, neste caso, permite ao Tottenham ter melhores futebolistas e condições do que o Paços. 

Dito isto, a abordagem dos portugueses foi má. Descontando o mérito evidente ao carcereiro britânico, o Paços devia ter sido capaz de ter mais bola, passar mais tempo no meio-campo contrário e fazer sentir ao Tottenham de que podia ser perigoso. 

Até ao intervalo não foi capaz e, ainda por cima, cometeu o mais capital dos erros: falhou sem necessidade no 2-0. O guarda-redes André Ferreira - que até fez um bom jogo - quis sair a jogar com Baixinho, mas o passe foi mau e apanhou o central desprevenido. Acabou tudo nos pés de Harry Kane, o regressado, para o 2-0. 

O Paços esteve mais perto de ser Paços nos 15/20 minutos iniciais da segunda parte. Aí, sim. Jorge Simão pediu para subir as linhas, teve dois laterais em excelente nível (Jorge Silva e Antunes, os melhores pacenses) e um Eustáquio a ter, finalmente, alguma influência. Infelizmente, nunca foi bem acompanhado por Rui Pires. 

O Tottenham entrou em desassossego, o Paços reanimou a eliminatória e depois acontece o que tantas vezes acontece no futebol: Antunes, que estava a jogar muito, desviou ligeiramente um livre de Lo Celso e o Tottenham fez o 3-0. Tudo fechado. 

O Paços de Ferreira despede-se da novel Liga Conferência, mas teve tempo para fazer história. Não é a noite negativa de Londres que apaga a vitória da primeira-mão, fantástica, sobre os multimilionários da Velha Albion. 

O castor volta às provas nacionais com mais mundo. E mais forte. Nada despiciendo. 

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