Não vacinados têm taxa de mortalidade quatro vezes superior aos vacinados, alerta Filipe Froes - TVI

Não vacinados têm taxa de mortalidade quatro vezes superior aos vacinados, alerta Filipe Froes

  • Agência Lusa
  • PF
  • 23 dez 2021, 12:59
Filipe Froes

Especialista sublinha que a variante Ómicron veio introduzir incerteza e imprevisibilidade na gestão da pandemia

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As pessoas não vacinadas contra a covid-19 apresentam uma taxa de mortalidade quatro vezes superior aos vacinados, alertou esta quinta-feira o pneumologista Filipe Froes, salientando a importância da vacinação mesmo perante a variante Ómicron.

“Se compararmos os dados nacionais que são públicos no relatório das `linhas vermelhas´, vemos que os não vacinados, maioritariamente mais jovens, mais saudáveis e com menos fatores de risco, mesmo assim têm uma taxa de mortalidade quatro vezes superior à taxa de mortalidade por infeção covid nos vacinados”, disse à Lusa o coordenador do gabinete de crise da Ordem dos Médicos para a covid-19.

Segundo o especialista, os últimos dados públicos indicam que, em outubro, ocorreram 132 mortes de pessoas com a vacinação completa contra a covid-19 e 33 óbitos de pessoas não vacinadas ou com vacinação incompleta.

No entanto, estes 132 óbitos reportam a um universo de cerca de 8,6 milhões de pessoas vacinadas, enquanto os 33 não vacinados que morreram incluem-se numa população não imunizada de apenas cerca de 500 mil pessoas.

Uma análise mais fina destes dois grupos de pessoas – vacinados e não vacinados – constata que os “não vacinados morreram quatro vezes mais do que os vacinados”, adiantou Filipe Froes, para quem estes dados permitem “avaliar bem o impacto da vacinação”.

“Nós sabemos que, neste momento, o grande impacto em termos hospitalares incide, sobretudo, em dois grandes grupos de pessoas: os não vacinados e as pessoas vacinadas há mais tempo, com mais idade e com maiores fatores de risco”, referiu o pneumologista.

Em declarações à Lusa, o coordenador do gabinete de crise da Ordem dos Médicos para a covid-19 considerou ainda que a variante Ómicron veio introduzir incerteza e imprevisibilidade na gestão da pandemia.

“O objetivo tinha de ser, na minha perspetiva, de terminarmos a vacinação de todas as pessoas com mais de 65 anos até 8 de dezembro. Hoje constatamos que temos cerca de 15% das pessoas com mais de 65 anos ainda por vacinar”, adiantou.

Vacina "mantém eficácia sobretudo na prevenção da gravidade da doença"

De acordo com Filipe Froes, uma vacinação mais atempada das pessoas mais vulneráveis teria permitido iniciar a vacinação mais cedo dos grupos etários responsáveis pela maior transmissão da doença na comunidade.

“Se olharmos para a incidência por grupos etários, facilmente estabelecemos duas zonas: uma com mais de 50 anos e que representa a gravidade da doença e uma zona com menos de 50 anos, que é da transmissibilidade” da infeção, disse o pneumologista.

Filipe Froes alertou ainda para as consequências do “longo covid” a médio e longo prazo, uma vez que os dados já conhecidos revelam que cerca de 10% da população afetada pela covid-19 mantém diversos sintomas mesmo depois de recuperada da infeção, o que representará uma sobrecarga adicional para o Serviço Nacional de Saúde.

Para o início do próximo ano, Filipe Froes antecipa o acesso a novos antivirais que poderão ter utilidade acrescida em termos de tratamento e de prevenção da covid-19, assim como as vacinas adaptadas às novas variantes do SARS-CoV-2.

De acordo com o especialista, neste momento está previsto o desenvolvimento de novas vacinas que vão reajustar a sua composição para incluir as mutações que têm sido detetadas nas últimas variantes para garantir uma maior proteção.

“Estamos neste momento com cinco variantes para a estirpe ancestral para a qual fizemos a vacina e, mesmo assim, esta vacina mantém eficácia sobretudo na prevenção da gravidade da doença”, realçou Filipe Froes.

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