Benfica: saiba em que consiste a lesão que deixa Gabriel com visão dupla - TVI

Benfica: saiba em que consiste a lesão que deixa Gabriel com visão dupla

Paços Ferreira-Benfica

Médio encarnado tem estado afastado dos relvados por causa de uma «parésia do VI par craniano»

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O Benfica deu esta quarta-feira mais detalhes sobre a lesão ocular que tem afastado Gabriel dos relvados. O boletim clínico explica que o médio tem «parésia do VI par craniano esquerdo, com limitação da abdução, que condiciona diplopia». Mas o que significam estes termos?

O Maisfutebol falou com Alexandre Marques, especialista em medicina desportiva, ex-membro do departamento clínico do Gil Vicente, para explicar em que consiste esta lesão do jogador do Benfica.

«Nós temos 12 pares cranianos, que são nervos que saem diretamente do tronco cerebral [com excepção do I e II par] e inervam o crânio. O sexto par craniano, que é o nervo abducente, é o responsável por fazer a abdução do olho, ou seja, "puxar o olho para fora"», começa por explicar o médico.

«No caso do Gabriel, ele consegue olhar perfeitamente para a direita. Quando tenta olhar para a esquerda, o olho direito vira, mas o esquerdo fica a olhar em frente, o que dá uma visão dupla», adianta, esclarecendo:

«Ele não vê duas coisas completamente diferentes, vê uma sobreposição de imagens. Se ele olhar para alguém, a pessoa vai parecer que está em dois sítios diferentes, etc. Além de atrapalhar a leitura de jogo, coloca o atleta em risco de lesão grave porque ele não consegue estar ciente e visualizar todos os perigos à sua volta. E traz-lhe também uma grande limitação no dia a dia».

O médico aponta que «descobrir a causa vai ser essencial para a recuperação do Gabriel.»

«Isto pode ser uma coisa muito simples derivada, por exemplo, de um traumatismo forte, que provocou a lesão de pequenos vasos envolventes. Esses vasos sangraram, como não têm para onde sangrar, criam uma compressão local, que acaba por dar esta pequena parésia», conta. Foi exatamente este tipo de lesão que em 2011 afastou o italiano Gennaro Gattuso do futebol durante vários meses.

Mas o médico adianta que «também pode ser uma coisa bastante grave como uma hipertensão ou uma diabetes que levou à isquémia dos vasos envolventes, o que acaba por lesar o nervo. E esta é muito mais difícil de ser recuperada».

«Obviamente que num extremo até pode ser resultante de um cancro, mas isso é no limite, não é a hipótese mais provável. E também existem casos de paralisia idiopática, ou seja, em que não conseguimos explicar as causas», diz ainda Alexandre Marques.

«Para começar, é preciso fazer uma ressonância magnética ou uma TAC cerebral para perceber se existe alguma alteração a nível de vasos, se existe um edema, ou obstrução, algo que explique. Se não encontrarem nada, teremos de entrar então noutro tipo de exame, análises sanguíneas, por exemplo. Se não encontrarmos nada, provavelmente o diagnostico será uma paralisia idiopática. Aconteceu e ponto», frisa o médico.

«Se for uma lesão decorrente de traumatismo, repouso, bom sono, boa alimentação, vão otimizar as condições para o organismo reabsorver aquele sangue em excesso, aquele edema, e recuperar. Podem ser também utilizados corticoides…», explica ainda.

«Como é uma zona bastante delicada, a recuperação completa é sempre demorada. Vai ser preciso fazer depois exercícios de oculomotricidade, treinar outra vez olhar para a esquerda e para a direita, para o centro. Tem um período de reabilitação e eu ficaria espantado se o Gabriel voltasse a jogar antes de um ou dois meses de recuperação», aponta.

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