PSD: Rui Rio nega divisões na direção e critica “ruído” dos corredores da política - TVI

PSD: Rui Rio nega divisões na direção e critica “ruído” dos corredores da política

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  • 15 set 2018, 14:33

Estas posições foram assumidas numa conferência de imprensa, num hotel de Lisboa, com o presidente do Partido Popular (PP) espanhol, Pablo Casado

O presidente do PSD rejeitou hoje a existência de divisões dentro da sua direção, insistiu na defesa de uma abertura ao diálogo com todas as forças políticas e criticou o "ruído" vindo dos corredores da política.

Estas posições foram assumidas por Rui Rio numa conferência de imprensa, num hotel de Lisboa, com o presidente do Partido Popular (PP) espanhol, Pablo Casado.

Confrontado com notícias de que as divisões no interior do PSD chegaram já à própria Comissão Permanente dos sociais-democratas, Rui Rio respondeu de forma sumária: "Se os pressupostos da pergunta fossem verdadeiros, eu teria de estar não preocupado, mas, antes, muito preocupado".

"Mas como os pressupostos da pergunta não são verdadeiros, eu não estou preocupado com isso", disse.

Interrogado sobre a forma como se tem posicionado no quadro político nacional, o presidente do PSD voltou a rejeitar soluções de Governo com o PS num quadro de normalidade democrática, mas insistiu na necessidade de os sociais-democratas rejeitarem uma atitude sectária face a propostas provenientes de outras forças política.

"Aquilo que sempre defendi - e repito - é que uma coisa é a disponibilidade para o diálogo com todos os partidos, sem exceção, respeitando todos, em nome daquilo que Portugal precisa, em nome de reformas que têm de ser feitas e que só podem ser concretizadas com maiorias alargadas à escala parlamentar. Outra coisa completamente diferente é a disponibilidade para participar em coligações com partidos como o PS", afirmou.

Na perspetiva do presidente do PSD, qualquer pessoa de bom-senso percebe" aquilo que está a defender.

"Acho que, tirando este ruído dos corredores da política, o povo português percebe isto como ninguém. Temos de estar disponíveis para colaborar em nome do interesse nacional e não se adotar o princípio de à partida estar-se contra tudo e contra todos", frisou.

Para Rui Rio, não se devem excluir soluções de Governo excecionais em situações extraordinárias do ponto de vista institucional, tal como admitiu poder estar a acontecer em Espanha.

Mas Portugal, em 2018, do ponto de vista institucional, de acordo com o presidente do PSD, não se encontra nessa situação excecional.

Rui Rio desvalorizou também as críticas do CDS-PP à sua proposta no sentido de defender a introdução de uma progressividade na tributação de mais-valias imobiliárias em sede de Imposto sobre o Rendimento Singular (IRS), penalizando mais os processos especulativos e compra e venda rápida.

O presidente do PSD rejeitou que tenha proposto um aumento da carga fiscal no âmbito do Orçamento do Estado para 2019.

"O CDS comentou com base num não entendimento, dizendo que vai aumentar a carga fiscal. Não há nenhum aumento da carga fiscal. Nem sequer entenderam bem aquilo que foi dito", respondeu.

Rui Rio considera prioritária a concretização da União Bancária Europeia

O presidente do PSD considerou hoje prioritária a concretização da União Bancária, com a criação de um fundo de garantia de depósitos à escala europeia, e classificou como fundamental o equilíbrio orçamental na zona euro.

Perante os jornalistas, o presidente do PSD referiu que, na próxima semana, antes do Conselho Europeu, participará na Áustria numa reunião de líderes do Partido Popular Europeu (PPE), durante a qual defenderá a necessidade de uma conclusão rápida da União Bancária no âmbito da reforma da União Económica Monetária.

"Países como Portugal e Espanha têm a ganhar se a União Bancária se concretizar, designadamente a questão referente ao Fundo de Garantia de Depósitos à escala europeia. Hoje, o fundo de garantia tem apenas uma escala nacional - o que é muito mais débil em comparação com o projeto de União Bancária", disse.

Rui Rio acentuou mesmo que "esta é uma questão nuclear" da agenda europeia no âmbito da reforma da União Económica Monetária.

Embora sem comentar as acusações feitas por Pablo Casado à "irresponsabilidade" da política externa e macroeconómica do Governo socialista espanhol, liderado por Pedro Sánchez, Rui Rio referiu que, ao longo da sua vida política, tem sempre defendido uma linha de "equilíbrio orçamental".

"Todos os países europeus devem procurar esse equilíbrio orçamental, algo que é vital. Se querem gastar mais, então têm de produzir mais. Mas não podemos gastar mais do que aquilo que produzimos, já deu mau resultado no passado e dará sempre mau resultado no futuro", advertiu.

Nas questões relativas às pressões migratórias no continente europeu, enquanto Pablo Casado voltou a acusar o Governo socialista espanhol de "irresponsabilidade", Rui Rio observou que Portugal não tem sido diretamente afetado por este fenómeno.

No entanto, deixou uma advertência: "A unidade europeia pode estar em causa se não existir um acordo à escala europeia sobre a forma como todos os países vão tratar este problema".

"Em relação às tensões com o leste [europeu], penso que temos de possuir a capacidade para conseguir ultrapassá-las", disse.

Durante a conferência de imprensa, o presidente do PSD não chegou a pronunciar-se sobre a situação na Hungria e sobre a possibilidade de aplicação de sanções a este Estado-membro, porque a pergunta partiu da imprensa espanhola e apenas foi dirigida a Pablo Casado.

Neste ponto, o presidente do PP espanhol manifestou cautelas face à aplicação de eventuais sanções, começando por defender que o Parlamento Europeu não é o órgão que resolve sobre processos de sanções.

Porém, invocou a história recente, dizendo que o Governo de Budapeste nunca deu qualquer abertura ao independentismo catalão.

"Quando os independentistas catalães tentavam criar embaixadas em outros países ou levar resoluções ao Parlamento Europeu, tentando internacionalizar o conflito, a Hungria foi dos países que sempre respeitaram a soberania do Reino de Espanha. É uma questão de reciprocidade e de abertura", acrescentou Pablo Casado.

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