Raça bovina mirandesa aliada contra os incêndios - TVI

Raça bovina mirandesa aliada contra os incêndios

Incêndios no Sabugal

Projecto quer combater os fogos com pastagens para as raças autóctones

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Um projecto apresentado esta quarta-feira em Bragança, que se propõe combater os fogos com pastagens para as raças autóctones, pode ser aprovado pela União Europeia e tornar a raça bovina mirandesa num novo aliado na prevenção dos incêndios florestais, refere a Lusa.

A ideia partiu do governo regional da Cantábria, Espanha, e conta já com parceiros franceses e portugueses para avançar no final do ano com uma candidatura a 50 milhões de euros do Interreg IV, o programa comunitário de apoio ao desenvolvimento das regiões fronteiriças.

O projecto conjuga a actividade pecuária com a conservação da natureza para prevenir os fogos florestais, como explicou hoje, em Bragança, o mentor, Jesus Oria, conselheiro regional para o desenvolvimento rural da Cantábria, no Norte de Espanha.

A ideia é criar pastagens em zonas florestais que funcionarão como barreiras ou corta-fogos naturais à propagação e mesmo ignição dos incêndios.

Projecto inclui apenas as raças autóctones em vias de extinção

No projecto cabem apenas as chamadas raças autóctones em vias de extinção, como a Mirandesa do Nordeste Transmontano, que vê aqui uma oportunidade de expansão e de alternativa ao actual sistema de produção intensivo da terra, como expressou Fernando Sousa, da associação da raça.

Segundo o responsável, com novos pastos, a raça conseguirá chegar a mais zonas da região e os animais terão mais disponibilidade de alimento, evitando dificuldades como as sentidas neste Verão de seca, em que os produtores esgotaram as reservas.

Os rebanhos para o novo projecto tanto podem ser bovinos, como caprinos, equídeos ou outros, segundo o conselheiro espanhol Jesus Oria, desde que sejam regionais e protegidos devido ao perigo de extinção.

Politécnico de Bragança parceiro científico

O Instituto Politécnico de Bragança (IPB) foi hoje convidado para ser o parceiro científico do projecto transfronteiriço, através do Centro de Investigação de Montanha, cujo coordenador, Jaime Pires, acredita ser «possível de executar».

«Vão ter de ser envolvidas associações de agricultores e algumas comissões directivas de baldios, os próprios parques naturais», disse, realçando que o Parque Natural de Montesinho já mostrou interesse em desenvolver trabalhos nesta área.

As regiões parceiras do projecto têm em comum a ruralidade e o despovoamento que levou ao abandono da agricultura, nomeadamente da floresta, com o mato a invadir as terras e a proporcionar a propagação dos incêndios.

Na região espanhola da Cantábria, só em 2008, 441 incêndios consumiram oito mil hectares com prejuízos de 58 milhões de euros e gastos de 1,5 milhões de euros no combate, de acordo com as contas do governo regional.

Em Portugal, entre 1980 e 2004 ardeu o correspondente a 30 por cento da área do país, segundo dados do Centro de Investigação de Montanha do IPB.
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