"Psoríase é mais do que pele" - TVI

"Psoríase é mais do que pele"

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  • 11 mar 2021, 14:52
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A Novartis, com o apoio da PSOPortugal, lança a campanha www.umapeleparaavida.pt/maisdoquepele para lembrar que, mais do que uma doença inflamatória sistémica, que se manifesta sobretudo na pele, a psoríase tem, muitas vezes, outras manifestações associadas. Artrite psoriática, doenças cardiometabólicas e do foro psicológico são algumas das comorbilidades manifestadas, que nem sempre associamos a esta patologia. Esteja atento ao que o seu corpo lhe diz e, se surgirem sintomas, procure ajuda médica.

A psoríase afeta cerca de 2-3% da população mundial, o equivalente, em Portugal, a cerca de 250.000 pessoas. Embora seja mais frequente entre os 20-30 anos e os 50-60 anos, pode surgir em qualquer idade, afetando de igual modo homens e mulheres, de todas as raças ou etnias.

Apesar de ser mais do que uma condição de pele, é, efetivamente, no maior órgão do corpo humano que se torna mais visível. “A psoríase é uma doença de pele que se caracteriza pelo surgimento de placas (manchas elevadas) de cor rosada e descamativas. Pode envolver a pele de forma localizada ou generalizada. Na essência, é uma doença imunomediada, isto é, resulta de um erro no sistema imunitário, que favorece o seu aparecimento”, esclarece o dermatologista Pedro Mendes Bastos, membro do Grupo Português de Psoríase da Sociedade Portuguesa de Dermatologia e Venereologia.

A maior parte das queixas refere-se à descamação ou a uma sobreposição de camadas de pele, que a deixa mais grossa e seca em várias zonas do corpo (como a palma das mãos e planta dos pés, na face e nos genitais), ou ainda a problemas nas unhas (muito quebradiças, por exemplo). No entanto, por estar associada ao desenvolvimento de outras comorbilidades (como a artrite psoriática, doenças cardiometabólicas e doenças do foro psicológico), os sintomas escalam, causando impacto físico e psicológico, com a consequente diminuição da qualidade de vida dos doentes.

Se o diagnóstico é, por vezes, tardio, também a deteção de outras comorbilidades nem sempre é feita atempadamente, por dificuldade em relacionar outros sintomas que não os que dizem diretamente respeito à pele. Por essa razão, e porque informar é preciso, os dermatologistas Pedro Mendes Bastos, Tiago Torres, Paulo Ferreira e João Pignatelli juntam-se a esta campanha da Novartis, com o apoio da PSOPortugal.

Tânia Pereira: persistência para enfrentar a dor nas articulações

“Segundo alguns estudos, a artrite psoriática é uma comorbilidade que pode ocorrer em 20-30% das pessoas com psoríase”, lembra Pedro Mendes Bastos. Caracteriza-se por dor e/ou inflamação que envolve o sistema músculo-esquelético, incluindo, por exemplo, articulações e tendões. E alerta: “a artrite psoriática e a psoríase podem ocorrer de forma paralela no mesmo paciente ou de forma relativamente independente. Qualquer pessoa com psoríase deve conhecer os sinais e sintomas da artrite psoriática, para que possa atempadamente discutir esses pontos com o seu dermatologista. É habitual a colaboração de outros médicos e profissionais de saúde para se poder diagnosticar e tratar de forma adequada todas as manifestações da doença psoriática”. Até porque esta forma de artrite pode causar danos severos e permanentes nas articulações, se não houver um tratamento precoce.

 

Para Tânia Pereira, de 43 anos e natural de Coimbra, o diagnóstico tardou. Tem manifestações de psoríase desde a infância, mas cresceu sem qualquer conhecimento desta ou das suas consequências, apesar de sentir que não lhe era permitida ter “a vida que desejava”. Só recentemente descobriu que a dor nas suas articulações, que a acompanhava há muito, estava relacionada com aquela condição de saúde. Junto do seu médico, encontrou o acompanhamento necessário que a ajudou a ultrapassar o mal-estar e a controlar os diferentes sintomas. Afinal, a persistência é a sua maior qualidade.

Deixa um recado: “Não desista de concretizar os seus sonhos e de conquistar a vida que deseja”. E acrescenta que, na doença psoriática, a pele é o mais visível, mas as dificuldades nos movimentos e as dores nos tendões podem tornar-se, a médio e longo prazo, muito mais relevantes.

Válter Vidas: determinação no combate à hipertensão e à diabetes

Além dos referidos, há outros sinais das comorbilidades da psoríase a que se deve estar atento, como ter hipertensão ou diabetes. Nestes casos, podemos estar perante uma doença cardiometabólica. Diversos estudos indicam que a prevalência de fatores de risco cardiometabólicos encontra-se aumentada nas pessoas que têm psoríase, comparativamente com a população em geral. Esta condicionante pode contribuir para o desenvolvimento de eventos cardiovasculares, sendo que a obesidade desempenha um papel central na relação entre psoríase e as patologias cardiovasculares.

 

Válter Vidas, de 35 anos e natural de Valongo, no Porto, recebeu o diagnóstico de psoríase aos 16 anos, mas desde que se conhece que tem excesso de peso. Estes dois fatores combinados fizeram com que tenha vivido uma adolescência muito solitária. Já mais velho, procurou saber se haveria ligação entre ambos. O médico que encontrou ajudou-o a confirmar essa desconfiança e “a ver mais além”. A dificuldade em controlar o peso é, efetivamente, muito comum na psoríase e importa atuar o quanto antes. Para Válter, tornou-se determinante para a sua saúde. Hoje, garante, foca-se em manter o peso, apoiado num regime alimentar cuidado e no exercício físico. E nem mesmo o confinamento forçado dos últimos meses o fez desviar-se do seu objetivo.

 

Maria Helena: a vontade de superar os problemas psicológicos

Ter problemas de confiança e autoestima é outro dos sinais da comorbilidade da psoríase, neste caso de doença do foro psicológico. A confirmá-lo estão os dados que indicam que, em Portugal, a pontuação média de felicidade dos doentes com psoríase é de 5,68, numa escala de 0 a 10, sendo que a ansiedade e a depressão podem incidir em até 62% destes doentes. Maria Helena Guia, de 30 anos, pode falar disso. Natural de Torres Novas, teve as primeiras lesões na pele quando tinha 13 anos, ao sofrer uma profunda perda familiar. No entanto, foi apenas aos 18 anos, quando entrou na faculdade, que teve o diagnóstico de psoríase. Apesar de não ter sido fácil lidar com a doença, ao fim de cinco anos, tinha finalmente respostas para os seus sintomas. Ainda assim, e mesmo estando rodeada de bons amigos, não revelou o seu problema, isolou-se e evitava situações em que se poderia expor, como a praia ou a piscina. Sentiu-se, por isso, sozinha e à parte de tudo.

 

Doze anos depois, reconhece que a psoríase impediu-a muitas vezes de “olhar para si própria com um sorriso no rosto”. Mas sabe que foi graças ao acompanhamento médico adequado que conseguiu “controlar a psoríase e fazer das suas fraquezas forças”, superando também os desafios psicológicos. Não hesita, por isso, em aconselhar a quem esteja na mesma situação “e se sinta sozinho, incompreendido ou deprimido, com problemas de confiança e autoestima, a falar com o seu médico. Porque nós nunca estamos sozinhos.”

Se procura um diagnóstico, consulte um especialista ou vá até ao site da PSOPortugal–Associação Portuguesa da Psoríase (https://psoportugal.pt/) para mais informações.

 

Psoríase: o que falta saber

Dirigimos algumas questões ao médico dermatologista Pedro Mendes Bastos, membro do Grupo Português de Psoríase da Sociedade Portuguesa de Dermatologia e Venereologia, que ajudam a esclarecer as causas e o diagnóstico desta patologia.

Qual a causa da psoríase? Há alguma forma de evitar ou adiar a manifestação desta doença?

Não é possível identificar uma causa específica para a psoríase, pois é uma doença complexa e multifatorial que depende da interação de fatores genéticos (tendência genética) e fatores ambientais. Já que não temos controlo sobre os genes que herdamos, vale a pena falar das condições ambientais. Alguns medicamentos ou infeções (por exemplo, amigdalites) podem desencadear psoríase. Por outro lado, sabemos que o excesso de peso e uma alimentação rica em hidratos de carbono ou lípidos favorece a inflamação geral no organismo e pode ter impacto no surgimento da psoríase. O stresse psicológico também constitui um fator clássico de agravamento de psoríase.

Como se diagnostica a psoríase? A que sintomas e sinais devemos estar atentos?

O diagnóstico da psoríase é clínico, isto é, depende da história clínica e do exame objetivo realizados pelo médico. Esta doença envolve tipicamente o couro cabeludo, os cotovelos ou joelhos, podendo também ser disseminada por toda a pele. Em outros casos, pode surgir apenas em áreas limitadas, como a zona genital ou as palmas das mãos e plantas dos pés. As lesões na pele são rosadas, espessas ao toque e frequentemente descamativas, ou seja, libertam escamas esbranquiçadas. Pode surgir em qualquer idade (incluindo pediátrica),  embora o mais habitual é aparecer nas décadas de 20-30 ou 50-60.

Tenho psoríase. E agora?

Após o diagnóstico, deve ser discutido com o médico qual o plano de tratamento para o curto e médio prazo. Certamente irá estabelecer um plano terapêutico específico. A psoríase não tem cura, mas, hoje, existem tratamentos capazes de controlar a doença. O melhor tratamento é o personalizado, isto é, o que mais se adequa a a cada doente. Além dos medicamentos tópicos (de aplicação na pele) ou fototerapia (tratamentos médicos com radiação ultravioleta), os casos moderados a graves irão beneficiar de tratamentos sistémicos, sejam eles orais ou injetáveis. Nos últimos anos, os tratamentos biotecnológicos conseguiram trazer melhorias muito importantes, mesmo nos casos mais difíceis.

Hoje em dia, alguns autores falam de doença psoriática como uma entidade mais abrangente, incluindo as chamadas comorbilidades. Ou seja, cada vez mais se encara a psoríase como uma doença que pode atacar muito mais do que a pele. O possível envolvimento das articulações (chamado artrite psoriática) bem como o aumento do risco de sofrer doenças cardiovasculares são consideradas comorbilidades, isto é, problemas de saúde associados à psoríase. Doenças do sistema nervoso, como depressão ou ansiedade, também são consideradas comorbilidades.

A psoríase é mesmo muito mais do que uma doença de pele. Que conselhos finais deixaria a quem tem psoríase?

Além da medicação recomendada pelo seu dermatologista, o controlo da doença beneficia de um estilo de vida o mais saudável possível. Encontrar estratégias para gerir o stresse, melhorar a alimentação, privilegiar o descanso e a prática de exercício físico fazem parte da abordagem holística da psoríase. Por outro lado, ter cuidados adequados com a pele no que toca a higiene e cuidados específicos (como hidratação) ajuda a evitar que se espalhe. A psoríase é a doença mais investigada de toda a Dermatologia, apresentando hoje múltiplas soluções terapêuticas de elevada segurança e eficácia. Uma abordagem personalizada e adequada a cada caso é a chave para uma vida sem sofrer com psoríase.

 

Referências Bibliográficas:

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  5. Feldman SR et al. Dermatol Online J 2018; 24:1
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  9. Gupta MA, Schork NJ, Gupta AK, Kirkby S, Ellis CN. Suicidal ideation in psoriasis. Int J Dermatol. 1993;32(3):188-90.

(*) Esta é a forma como dizem para referir este relatório – ver aqui.

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