Viver bem na nossa pele durante a menopausa - TVI

Viver bem na nossa pele durante a menopausa

  • 29 out 2021, 12:21
Vichy

VICHY - A SAÚDE DA PELE E A MENOPAUSA

Quando falamos de menopausa, existem duas palavras-chave a que devemos estar atentos: educação e prevenção. Primeiro, é essencial saber mais, adquirir mais conhecimento e quebrar certos tabus relativamente à menopausa. Depois, com esta informação, é mais fácil entender e adotar rotinas de prevenção que garantem mais qualidade de vida, saúde e confiança.

Inevitavelmente, a pele vai surgir como a face mais visível dos efeitos neste período. “A pele é um órgão muito hormonal”, afirma a Dr.ª Manuela Paçô, dermatologista. Por isso, é natural que uma boa parte dos sintomas da menopausa se reflita no maior órgão do nosso corpo. Então, como resguardar a pele e manter a autoestima nesta fase de vida das mulheres?

É justamente para ajudar nesta questão que à dermatologista Manuela Paçô se juntaram a ginecologista e sexóloga Lisa Vicente e a nutricionista Conceição Calhau, convidadas para esclarecer dúvidas sobre “A saúde da pele na menopausa” na segunda talk do projeto “Falar Saúde”, da TVI24 e da Vichy, moderada por Sara Sousa Pinto.

 

Educar mulheres e homens

“A menopausa define-se como, clinicamente, um ano sem menstruar – sem outras razões que possam ser médicas, de contraceção – e que normalmente corresponde à diminuição da função dos ovários”, explica a Dr.ª Lisa Vicente. “Surge na maior parte das mulheres por volta dos 50, 51 anos, mas pode ir entre os 45 e os 55.”

No entanto, é a perimenopausa que levanta mais dificuldades e mal-estar. É nesta fase, que antecede a menopausa e que pode prolongar-se durante alguns anos, que se começam a sentir sintomas. “É muito importante ter esta noção. Há todo um caminho até lá [à menopausa]”, recorda a Dr.ª Manuela Paçô. “É uma adolescência ao contrário. Também na pele.”

Aliás, tal como na adolescência, a pele é um dos órgãos em que mais cedo se começam a manifestar sinais, esclarece a dermatologista. Por exemplo, entre os 35 e os 45 anos é possível começar a desenvolver acne compensatório. Outros sinais dermatológicos óbvios, mais perto da altura da menopausa, são a secura da pele, das mucosas e dos olhos.

Quando falamos de menopausa falamos de mulheres, embora a Dr.ª Manuela Paçô lembre que também os homens evoluem hormonalmente, havendo, numa idade mais avançada, uma diminuição da produção hormonal que se reflete especialmente na gordura da pele. No entanto, são sinais mais subtis, não existindo uma quebra brusca.

A ginecologista reforça que as alterações na pele são muito mencionadas pelas mulheres também nas consultas da especialidade, uma vez que as mucosas e a pele da zona do períneo e da vulva alteram-se nesta fase da vida, interferindo na vida sexual.

Por outro lado, há outras condições como as variações térmicas ou os afrontamentos que ocorrem à noite, causando um sono menos reparador, que também impactam a derme. Porém, estes sintomas podem ser confundidos com stress, cansaço ou outras situações, especialmente se a perimenopausa começar numa idade mais jovem.

Daí a importância da educação de homens e mulheres, da discussão aberta sobre este assunto e das investigações e avanços desenvolvidos pela Medicina do Envelhecimento, explica a Dr.ª Manuela Paçô. Tanto mais que a esperança média de vida nos últimos anos aumentou bastante e de forma rápida, pelo que hoje em dia as mulheres na menopausa têm uma vida ativa, com responsabilidades, e devem poder vivê-la da melhor forma.

“Até 2030, estima-se que as mulheres tenham uma esperança média de vida de 87,3. O que significa que se tivermos a menopausa aos quarenta e cinco, temos outro tanto para viver”, esclarece a Dr.ª Conceição Calhau. “Portanto, acho que este é o grande desafio na Medicina, nós trabalharmos cada vez mais a prevenção e prepararmo-nos para termos um envelhecimento sem doença.”

 

A importância do estilo de vida na menopausa

Progressivamente, durante a menopausa, surgem também os sinais em que as mulheres mais reparam na cara: as rugas e o aumento da flacidez da pele. A dermatologista faz questão de sublinhar que não podem ser evitados, mas podemos ajudar a que apareçam mais lentamente.

Aqui entra a importância de manter um estilo de vida saudável. É essencial para a saúde da derme, é certo, mas também um bom aliado para retardar outros sinais da menopausa, como as intolerâncias alimentares e o aumento do peso.

A Dr.ª Conceição Calhau refere este último como um dos sintomas de que as mulheres mais se queixam. Nesta fase de vida, as variações hormonais, com a descida do estrogénio, perda de massa muscular e compromisso da massa óssea, causam uma redistribuição do tecido adiposo, uma transformação do corpo e o aparecimento de rugas e flacidez.

Por isso, a solução é prevenir e retardar, com exercício físico, cuidados localizados e uma alimentação saudável. A Professora Catedrática da Nova Medical School indica que o exercício físico deveria ser uma prescrição médica, porque é uma questão de saúde fundamental.

“Há um estudo muito interessante com milhares de mulheres em pós-menopausa, em que uma hora de exercício físico [diária] levou a que elas não tivessem qualquer alteração do peso”, afirma.

Além disso, do ponto de vista da alimentação, chama a atenção para o facto de existirem evidências de que refeições com um elevado nível glicémico – subida do açúcar muito elevada – estão relacionadas “com mais sintomas, mais risco e também, até, com uma menopausa mais precoce.” A solução? Consumir mais hortofrutícolas e leguminosas, para reforçar a ingestão de cálcio e vitamina D, zinco, vitamina B6 e leucina.

Para garantir a saúde da pele, aliada à alimentação saudável e ao exercício físico deve estar a sua correta hidratação, por dentro e por fora. Por isso, é muito importante usar produtos tópicos, mas também beber muita água, água aromatizada e chás. De preferência, desde muito jovens, não apenas quando se está perto da menopausa.

Como resultado de um estilo de vida saudável, temos mais qualidade de vida, mais confiança e mais autoestima. Sem esquecer, claro, a noção de que o passar do tempo e a transformação do corpo é algo natural e que é necessário aceitar. “O envelhecimento é uma coisa que existe, tem imensas vantagens, é preciso é saber vivê-lo bem”, frisa a Dr.ª Manuela Paçô.

Quebrando mitos na sexualidade

Com o avançar da idade e a chegada da menopausa, surge sempre uma dúvida que, para muitas pessoas, continua a ser um tabu: a libido acaba? O apetite sexual diminui? Este é um dos mitos que a Dr.ª Lisa Vicente quer matar.

A ginecologista lembra que nas relações não somos só hormonas, existem vários elementos envolvidos na qualidade e na satisfação da vida sexual. Por isso, apesar das alterações hormonais, há quem não sinta tantas mudanças numa primeira fase.

No entanto, com o passar do tempo, a diminuição do estrogénio tem algum impacto. Por um lado, pode ter peso na autoestima devido ao aparecimento de acne, afetando também a vida sexual. Por outro, fisiologicamente, a hidratação e a lubrificação da vagina diminuem e também a pele da vulva fica mais seca e menos elástica, dois fatores que podem tornar a manipulação e a penetração mais desconfortáveis.

Significa isto menos prazer? Não. A menopausa não implica menos prazer, apenas novos desafios e novas formas de sentir prazer.

A especialista em ginecologia e sexualidade chama aqui a atenção para um elemento importante: a excitação na mulher. Da mesma forma que os homens têm uma ereção, as mulheres passam por um fenómeno equivalente, sendo um dos efeitos a lubrificação. Porém, muitas vezes não se trabalha nem se investe tempo para que a mulher fique bem lubrificada, e esta é uma das razões que pode permitir menos prazer na relação sexual.

Existem, ainda assim, terapêuticas hormonais ou com outras formulações que podem tratar alguns sintomas da menopausa como a lubrificação e a hidratação vaginal, lembra a Dr.ª Lisa Vicente. Depende sempre do historial clínico e familiar da mulher e, principalmente, da sua vontade. É curioso que muitas vezes as mulheres mais rapidamente se submetam a estes tratamentos, e especialmente aos localizados, devido ao receio de incontinência urinária (muito ligada à hidratação), e não às dificuldades na lubrificação.

Acima de tudo, o mais importante é conhecer o nosso corpo, saber como ele funciona e como responde, e explorar novas formas de prazer. Igualmente, se a mulher mantiver a pele hidratada e a vulva e vagina cuidadas, não existem motivos (além de médicos) para não se continuar a ter prazer na menopausa.

A dermatologista e a nutricionista concordam. A Dr.ª Manuela Paçô chama a atenção para a educação sexual não só para os jovens, mas também para as pessoas mais velhas. Cada vez se sabe mais, se estuda mais e se fala mais abertamente sobre a sexualidade.

Da mesma forma, cada vez há mais informação sobre a menopausa. É urgente, saudável e necessário educarmo-nos, mantermos um estilo de vida saudável e procurarmos um acompanhamento adequado de profissionais de saúde. As mulheres vão viver cada vez mais tempo, pelo que devem estar saudáveis, informadas e confiantes, para aproveitar da melhor forma esta fase da sua vida.

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