Fecho do mercado mostrou: os grandes têm jogadores a mais - TVI

Fecho do mercado mostrou: os grandes têm jogadores a mais

Jonathan Rodriguez

Prioridade dos grandes foi rectificar apostas e valorizar quem joga menos

À hora a que escrevo falta pouco para o fecho do mercado. Todos os clubes da primeira liga tiveram mexidas, uns mais outros menos, para rectificar o que entendiam necessário.

Mas são os grandes que tomam a minha atenção. Porque têm mais jogadores, e investimentos feitos que não têm tido o retorno desportivo. A procura de novas soluções e a necessidade de rentabilizar desportiva e financeiramente, fez mexer quem é excedentário e não fez o trabalho de casa devido.

Mais do que as entradas, o principal trabalho foi a colocação de jovens e daqueles que não têm rendido. No inicio de época, depois do investimento e de vários milhões gastos por FC Porto e Benfica, menos pelo Sporting, era expectável que houvesse pouco movimento nesta altura.

Foi isso que aconteceu. Na verdade, Sporting (com uma entrada) e Benfica (com um ou dois jovens) não receberam um reforço para entrar logo na primeira equipa. O FC Porto tem também uma entrada, por sinal uma das revelações da Liga, até ao momento. Mas todos fizeram ajustamentos e procuraram soluções para aqueles que têm tido pouca utilização.

O Benfica foi o único que realizou mais valia em números consideráveis: foram 40 milhões de euros. A saída de Enzo era inevitável após o afastamento europeu, mas a dúvida era sobre quem seria o substituto, e qual seria a perda para o Benfica. A solução foi encontrada internamente. Talisca tem sido a opção, Pizzi espreita a oportunidade e Samaris sobe de rendimento, mas a resposta tem sido dada colectivamente e vem fazendo a diferença.



Mas é nos jovens e na equipa B que as alterações se fizeram sentir. A principal, e definitiva, foi Bernardo Silva.
Um dos rostos da formação encarnada, emprestado ao Mónaco no inicio da época, mostrou potencial e qualidade para os monegascos baterem 15,75 milhões de euros. Podia muito bem ter sido opção neste Benfica e teria rendimento desportivo e, previsivelmente, financeiro no futuro. A opção foi outra e a necessidade de entrada de dinheiro, já, fez o negócio avançar.

Como sabemos, Ivan e João Cancelo já estão fora há seis meses e agora Hélder Costa, Rochinha, Ruben Pinto, Fábio Cardoso e João Amorim (não sei se em definitivo) são emprestados a clubes (cá dentro e lá fora) de outro patamar competitivo. Oportunidade para outros jovens se mostrarem. A expectativa de crescimento e valorização está presente em todas estas decisões e, se não for possível o regresso, que é o mais provável, a possibilidade de um encaixe financeiro está em cima da mesa.

Bebé foi contratado no verão, mas já vai para outras paragens. O mesmo caminho toma Nelson Oliveira. Lá fora, entre outros, Yannick, Djuricic, Candeias seguem novamente o caminho do empréstimo na esperança de jogar com regularidade. A história diz-nos que o regresso é difícil. Todos procuram valorizar-se e a perspectiva de venda é equacionada.

Além disto, o Benfica fez chegar seis jovens (apenas um português) entre os 18 e 20 anos. Na maioria, vieram para a equipa B, mas num processo, à imagem de outros que se tem passado, de integração, de crescimento e eventual valorização. Veremos qual a resposta.

No Sporting, as movimentações deram-se mais na equipa B. Na primeira equipa, as saídas por empréstimo de Helton e de Slavchev, que ainda não se tinha estreado na primeira liga. A necessidade de jogar e a expectativa de demonstrarem a qualidade pode viabilizar negócio futuro. Veremos a resposta. Quem saiu em definitivo foi Mauricio, o único a permitir um encaixe financeiro que chegará apenas no final da época.



Para a vaga aberta, chegou Ewerton. O jogador brasileiro falou para o jornal do clube, tirou fotografia com o presidente mas a verdade é que, depois de vários dias, só a poucas horas do fecho de mercado viu oficializada a inscrição. Sem condições para jogar de imediato, a necessidade fez subir Tobias Figueiredo da equipa B. Nabi Sarr não tem convencido, Paulo Oliveira confirma-se cada vez mais e Tobias recebeu a sua oportunidade - está a agarrá-la com determinação e vontade. Tem apresentado rendimento e a justificar a aposta. Esta dupla jovem tem correspondido e tem espaço para evoluir, mantenha-se a aposta. A solução Ewerton não parece ter sido a melhor e condicionou outras opções, mas uma rápida recuperação é o que se pede.

Mas uma das notas do Sporting, à imagem do que acontece com o Benfica, tem sido a saída dos jovens jogadores da equipa B. Na procura de outros patamares competitivos, Iuri Medeiros, Fokobo, Ricardo Esgaio e Cissé vão ter lugar na liga principal. Filipe Chaby e Enoh saem para a II Liga. A saída destes jogadores abre espaço para outros jovens que estavam tapados, e acabam por ter a sua oportunidade e um novo espaço competitivo.



Ao Dragão, não esperava que chegasse alguém. As soluções existem em qualidade e quantidade mas uma das revelações da Liga fez mudar os planos dos responsáveis e chega ao Dragão. Hernâni é o negócio do momento.
Uma das surpresas da Liga e mais um extremo que tem a velocidade como arma. O FC Porto vive dos seus alas, a concorrência é forte, mas Hernâni chega com vontade de manter o rendimento.

Entretanto, outro jovem tem merecido a atenção de Lopetegui. O avançado Gonçalo Paciência teve a sua oportunidade e mostrou serviço. Veremos nesta segunda metade da época qual será o seu espaço e o crescimento que vai ter.

Kelvin, Tiago Rodrigues e Opare saíram para onde possam jogar. Kayembé seguiu os passos dos jovens do Sporting e Benfica e a presença na primeira Liga vai permitir crescer a outro nível. Sami, Octávio e Ivo Rodrigues vão até Guimarães e dar soluções a uma equipa que quer continuar lá em cima. Varela mudou de país e procura um melhor rendimento e Rolando consegue prosseguir a carreira na Bélgica.

Uma coisa é certa. Os clubes têm jogadores a mais e procuram nesta altura do mercado arrumar a casa.
Arranjar colocação e permitir que joguem aqueles que deixaram de interessar, ou não revelam o rendimento pretendido, é o objectivo. Poder realizar mais valias no futuro é o que se procura, e não é fácil. Ser equilibrado na gestão e na quantidade de jogadores no plantel é o que se pretende mas olhamos para os clubes e não verificamos isso.

Uma nota final para o 5º e 7º melhores marcadores da Liga. Maazou, do Marítimo, foi vendido, e Deyverson seguiu por empréstimo para o Colónia. São responsáveis, respectivamente, por 39 e 44 por cento dos golos das suas equipas. A estabilidade na tabela não tornou difícil a decisão dos responsáveis mas é mais uma situação para ser gerida pelos treinadores. Perder quem faz os golos obriga a Leonel Pontes e Lito Vidigal a encontrar as melhores opções e as soluções para o futuro. Importa é verem o trabalho reconhecido e isso nem sempre acontece.
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