El Clásico: não dá para termos um destes por semana? - TVI

El Clásico: não dá para termos um destes por semana?

Real Madrid vs Barcelona (Reuters)

Contraste de estilos e craques ao mais alto nível. Que jogo no Bernabéu!

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A Liga Espanhola está ao rubro. A luta pelo titulo tem os habituais Real Madrid e Barcelona e conta, desta vez, com um grande Atletico de Madrid. Excelente, o trabalho de Diego Simeone!

Mas, com perdão dos «colchoneros», o clássico dos clássicos estava marcado para domingo à noite. Ganhando, o Real afastava provavelmente o Barcelona do titulo, o que era um aliciante mais, para além do proprio espectáculo que é um jogo desta natureza.

E a que assistimos? A um grande jogo. Sensacional! Não é possível termos um jogo destes todas as semanas? Alterações no marcador, bom ritmo, intensidade e luta, qualidade individual, lances extraordinários, expulsões e, naturalmente, alguns erros que também fazem parte do jogo.

Durou até ao fim a incerteza quanto ao resultado. Qualquer jogo que tenha sete golos é grande. Quando isso acontece num clássico, é enorme.

Frente a frente, tivemos dois estilos diferentes. Nada que não estejamos habituados a ver - mas como são diferentes estas equipas!

De um lado a velocidade, as transições e a procura rápida do golo: o Real tem os jogadores certos para este tipo de jogo e consegue fazê-lo como ninguém. Do lado do Barcelona, uma identidade que não se altera. Posse de bola e mais posse de bola até se encontrar a altura do passe certo, o momento de desequilibrar - sempre a esperar que Messi apareça.

A percentagem de posse de bola foi a normal quando um dos intervenientes é o Barcelona: 62% para os catalães e 38% para o Madrid. Ter bola significa normalmente ter o controle do jogo, gerir o ritmo e o que se quer fazer. Mas houve momentos em que isso não aconteceu, por mérito do Real, que soube contrariar este tipo de jogo.

Olhando para as individualidades - e eram muitas! - deu para ver o seguinte:

Desde logo Ronaldo. A estrela maior do Real Madrid e a grande preocupação do Barcelona. Não apareceu como tem sido habitual e aí valeu a estratégia «culé». Raramente esteve sozinho para desequilibrar e a equipa soube travá-lo e tapar-lhe o caminho. Num lance de classe conseguiu um penalti e foi irrepreensível na sua marcação. Foi o seu 13º golo em clássicos. Números muito bons: apesar de, por esta vez, não ter sido tão influente como é normal, a sua importancia na equipa é enorme.

Na baliza merengue esteve Diego Lopez, que relegou Casillas para o banco desde o ano passado e sofreu quatro golos sem ser chamado a muito trabalho. Esperava mais rendimento de Gareth Bale. No flanco direito nunca foi o desequilibrador que se esperava. Tem velocidade e muita qualidade mas nunca conseguiu superiorizar-se ao adversário direto, nem fazer a diferença. Só num lance aos 52 minutos em que sprintou por muitos metros e isolou Benzema, vimos as caracteristicas de Bale. Foi curto para a sua qualidade e para aquilo que pode acrescentar à equipa

E o que dizer de Benzema? Marcou dois golos e o segundo deles foi de craque: após cruzamento, recebeu com a coxa e sem deixar cair fuzilou autenticamente Valdés. Mas também ficam na retina os lances que falhou. Se tem marcado o que teve oportunidade, a história deste jogo era seguramente dele.

O melhor do Real, para mim, foi Di Maria. Muito bem, fundamentalmente na primeira parte, com velocidade e intensidade em todas as acções. Rápido com a bola nos pés, acelerava e deixava para trás os adversarios. Um aspecto que surpreendeu e que, do meu ponto de vista, lhe dá outra dimensão como jogador, é a capacidade que já demonstra no aspecto defensivo: melhorou bastante neste particular.

Em Barcelona vive uma equipa com um talento individual extraordinário mas que tem revelado alguma intermitência. Este ano os resultados demonstram isso e por isso o Barça chegou ao Barnabéu com a necessidade de vencer.

Daniel Alves e Jordi Alba fazem quilómetros pelos corredores e são fundamentais na manobra ofensiva. Deram profundidade e não deixaram de ter presentes as preocupações defensivas. No meio, Xavi parece eterno e, apesar de um menor fulgor, continua a tratar a bola como poucos: é craque e o jogo passa por ele.

O que disse sobre Bale serve também para Neymar. É certo que a forma de jogar do Barcelona é diferente mas esperava que trouxesse mudanças de velocidade e momentos de desequilíbrio. Mas, à exceção do primeiro penálti, que valeu a expulsão de Sergio Ramos, pouco se viu.

Messi é a estrela da companhia e, mais uma vez, bateu recordes. A história vai sendo acrescentada a cada jogo que passa. Os seus três golos colocam-no como o jogador de todos os tempos com mais golos marcados em clássicos. São 21 até ao momento e 12 deles no Santiago Bernabéu. Mas ele não fez só golos. Juntou-lhes assistências e passes milimétricos a rasgar a defesa madrilista.

É um privilégio poder assistir a um jogo desta fantástica qualidade e ver, sempre que as câmaras de TV vão seguindo a bola, um desfilar de craques de parte a parte. E este artigo não pode terminar sem falar de Iniesta. Pode parecer que estava a esquecer-me mas não: merece todo o destaque.

Que fantástico jogador!Na relação que tem com a bola, que raramente lhe foge, o posicionamento no campo, a forma como sabe ser sempre uma solução. Impressionante nos domínios, na forma como roda sobre si e tira os adversários do caminho. Este Barça é Messi, mas é também muito de Iniesta. Cada vez mais. Além das assistências e dos golos que faz, registo neste jogo um lance no minuto 49, que diz muito do que ele faz: com a bola nos pés, fintou, passou entre dois jogadores, escorregou e aparentou ficar fora da jogada, mas recuperou de imediato e entregou a bola a um companheiro: tudo feito com a simplicidade de um jogador excepcional.
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