Governo “converteu-se” à política que contestava, diz Passos Coelho - TVI

Governo “converteu-se” à política que contestava, diz Passos Coelho

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  • 31 mai 2017, 18:41

Líder do PSD sublinha que, ao fim de um ano, Executivo socialista rendeu-se ao combate ao défice e defende que dados positivos na economia "não decorrem de qualquer ação deste Governo"

O líder do PSD, Pedro Passos Coelho, afirmou esta quarta-feira que o Governo socialista "ao fim de um ano converteu-se" à política que contestava no anterior Executivo, nomeadamente de combate ao défice.

No encerramento das jornadas parlamentares do PSD, que decorreram em Albufeira, Passos Coelho defendeu que os dados positivos na economia "não decorrem de qualquer ação deste Governo" e lamentou que o Executivo socialista tenha perdido um ano e continue a não querer fazer reformas.

O Governo demorou um ano a mostrar ao país que toda a conversa que fazia contra nós, dizendo que vivíamos obcecados pelo défice e dívida, ao fim de um ano o Governo converteu-se àquilo que antes motivava a sua repulsa na política que nós fazíamos", afirmou.

Na intervenção, Passos Coelho referiu-se à confirmação, pelo Instituto Nacional de Estatística (INE), de que a economia cresceu 2,8% no primeiro trimestre, dados que considerou positivos, mas que disse "não decorrer de nenhuma decisão que o Governo tenha tomado", estando assente nas exportações líquidas.

Não estamos a disputar méritos, é uma conversa que nesta fase não é relevante, mas não venham querer atirar-nos areia para os olhos", afirmou, acrescentando que o país não cresceu mais cedo porque "houve dúvidas motivadas pela solução de governo" minoritário do PS apoiado no Parlamento pelo PCP e BE.

 

"O Governo retardou esse processo", insistiu.

Perante os deputados sociais-democratas, Passos desafiou o instituto que gere a dívida nacional, o IGCP, a aproveitar o atual crescimento económico para emitir dívida a 15 anos em vez de a seis ou a sete.

É aproveitar agora enquanto dura a perceção orçamental de que as coisas correram bem e que vão continuar a correr. Emitam, por favor", apelou.

Para o líder do PSD, a atual solução governativa está a levar o PS a "empurrar com a barriga" reformas necessárias como a da segurança social, descentralização ou sistema eleitoral.

"Sabemos que o PS tem reagido de forma consistentemente bloqueadora a essas reformas", lamentou, dizendo que o país não passará para "outro patamar" e que "é criminoso" dizer aos portugueses que elas não são necessárias.

Sobre uma possível subida do "rating" de Portugal, Passos Coelho apelou ao Governo para que "faça por merecer" essa subida e voltou a acusar o executivo de incongruências na frente externa e interna, apontando como exemplo o relatório sobre a dívida, desenvolvido entre PS e BE, mas que o Governo não pretende apresentar em Bruxelas.

"Será que o primeiro-ministro é o mesmo que o secretário-geral do PS? Queremos melhorar o ‘rating' ou andar a empatar o BE?", questionou.

Recorrendo à ironia, Passos Coelho aconselhou o Governo a ‘receitar' à Grécia a mesma solução que propôs aos portugueses, de fazer crescer a economia através do aumento dos rendimentos, mas que, segundo o líder do PSD, depois não aplicou em Portugal.

"Caramba, porque é que eles em vez de irem aos ‘think tanks' [grupos de reflexão] de Bruxelas, não apanham um aviãozinho para a Grécia e explicam ao senhor Tsipras como fazer?", afirmou.

Expressando a convicção de que a legislatura vai durar até 2019 - "porque PCP e BE não têm feito nada de consistente com o que reivindicavam no passado" - Passos desafiou os deputados sociais-democratas a aproveitarem estes dois anos para denunciarem o que é relevante para o país.

Há uma falsa alternativa no país: um investimento muito grande a fazer de conta e a construir uma realidade virtual", criticou.

No encerramento das jornadas, Passos Coelho afastou as críticas dos que dizem que o PSD mudou de discurso ou não tem discurso, contrapondo com a coerência das posições sociais-democratas.

"Nós temos defeitos como toda a gente, mas não andamos aos solavancos, a fazer o pino, a mudar o discurso", afirmou.

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