O novo filme de João Botelho foi exibido pela primeira vez em abril, no Festival IndieLisboa. Mostra a admiração de João Botelho por uma das sua referências cinematográficas: o cineasta Manoel de Oliveira, que morreu em 2015 aos 106 anos.
Antes de chegar aos cinemas, a 13 de outubro, o filme será mostrado, fora de competição, em agosto no Festival de Cinema de Locarno, na Suíça. Aí estarão o próprio realizador João Botelho e Leonor Silveira, uma das atrizes que mais trabalhou com Manoel de Oliveira.
Em "O cinema, Manoel de Oliveira e eu", João Botelho assume o papel de narrador do filme. Recorda como conheceu Manoel de Oliveira, quando ainda andava na escola de Cinema, e revela excertos de alguns dos filmes que mais estima, como "Amor de Perdição", "Vale Abraão" e "Palavra e Utopia".
Além de excertos comentados de obras de Oliveira, o filme conta ainda com uma cena de "Conversa acabada" (1981), a primeira longa metragem de João Botelho, na qual Manoel de Oliveira interpreta o papel de um padre.
Como um pai, ensinava-me cinema", comenta João Botelho, na narração do filme.
Filme com argumento de Oliveira
Dentro de "O cinema, Manoel de Oliveira e eu", João Botelho incluiu um curto filme que rodou no final do ano passado, no Porto, chamado "A rapariga das luvas", a partir de um argumento de Manoel de Oliveira, intitulado "Prostituição ou a mulher que passa".
Estava sempre a pensar em cinema e um dia contou-me uma história fantástica, passada no Porto, que nunca chegou a filmar. Fiz este filme com o que aprendi dele e com o que sou", afirmou à Agência LUSA.
Não quis fazer o luto. Isto [fazer o filme] é mostrar a paixão, é lutar contra o esquecimento. É um documentário com as coisas de que mais gosto no cinema de Oliveira, sobre o que mais me impressionou", afirmou João Botelho.
A par da exibição comercial do documentário de João Botelho, a partir de outubro, será também mostrada a curta-metragem "Ascensão", de Pedro Peralta, que lhe valeu um prémio no IndieLisboa.
O filme, exibido já em Cannes, regista o resgate de um homem que caiu dentro de um poço, no campo, ao nascer do dia. O realizador filmou o esforço dos camponeses na recuperação do corpo, o silêncio das mulheres que assistem e ainda a mãe que acolhe o filho nos braços. Tudo numa sequência de apenas três planos.