Análise: debate do Orçamento já de olho em novas eleições - TVI

Análise: debate do Orçamento já de olho em novas eleições

Acordo para viabilizar OE já não chega para acalmar os mercados, são precisas garantias quanto à execução e a instabilidade política deixa incertezas. Novas eleições estão já no horizonte

O acordo que o Governo e o PSD alcançaram para garantir a aprovação do Orçamento do Estado para 2011 já não chega para resolver o problema da desconfiança do mercado. Os investidores querem garantias sobre como será o Orçamento executado e a sombra de uma crise política a partir de Março não deixa ninguém descansado.

Para a editora de Política da TVI, Constança Cunha e Sá, a acesa troca de acusações entre os dois maiores partidos com assento parlamentar durante o debate desta terça-feira, apesar do acordo alcançado entre ambos, prova que «o

PSD tenta distanciar-se do acordo» e que os dois partidos estão «de olhos já em Março», altura em que o Presidente da República poderá voltar a convocar eleições.

«Não basta o acordo. O que está em causa é a desconfiança dos mercados face à execução orçamental do Governo, especialmente depois do que aconteceu em 2009 e principalmente em 2010», referiu Constança Cunha e Sá, que viu no discurso do primeiro-ministro, um recado ao PSD. «Quando diz que precisa de estabilidade política para executar o Orçamento, o engenheiro Sócrates está a dizer que não se responsabiliza pela execução orçamental se houver instabilidade.

Também para o comentador do canal, António Perez Metelo, «neste debate já se está a pensar na jogada de xadrez a seguir, em Março». E, acrescenta, enquanto não se souber o que aí vem, é possível que os investidores não dêem tréguas a Portugal.

«O objectivo destes sacrifícios todos que se pedem aos portugueses é voltar a abrir a torneira normal do crédito. Para que isso aconteça, os juros têm de baixar dos actuais 6,2% para cerca de 4%. Essa mudança, simbolicamente, diz que os mercados financeiros já acreditam outra vez que Portugal pode honrar nos próximos anos as suas obrigações. Para que isso aconteça, os credores internacionais querem ver para crer a concretização de um OE na linha para no fim de 2011 termos efectivamente défice de 4,6%», concluiu.
Continue a ler esta notícia